Para EUA, imigrantes brasileiros que desapareceram estão vivos
Para os EUA, os imigrantes brasileiros desaparecidos nas Bahamas estão vivos, esperando uma oportunidade para tentar entrar no país
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 11h12.
Brasília e Belo Horizonte - As autoridades americanas trabalham com a hipótese de que os brasileiros desaparecidos na tentativa de entrar por mar nos Estados Unidos estejam vivos, provavelmente mantidos incomunicáveis em algum ponto, aguardando o melhor momento para tentar ingressar no país.
Essa linha é reforçada pelo fato de a guarda costeira americana não ter encontrado vestígios de naufrágio. Outra hipótese em investigação pelos norte-americanos é de que a embarcação esteja à deriva.
Os brasileiros que pretendiam ingressar ilegalmente nos Estados Unidos estão desaparecidos desde o dia 6 de novembro. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso desde o dia 15 de novembro.
"Nessa data, familiares de brasileiros que viajaram para as Bahamas informaram à Embaixada do Brasil em Nassau que haviam perdido contato com eles."
Segundo a pasta, a informação do desaparecimento foi imediatamente repassada à Polícia Federal e às autoridades migratórias, policiais e guardas costeiras de Bahamas e dos Estados Unidos. O Itamaraty vem trabalhando em conjunto com essas instituições.
Até o momento, porém, não há informações sobre o paradeiro das pessoas ou do barco em que elas estavam. "Por meio da Embaixada do Brasil em Nassau e do Consulado-Geral do Brasil em Miami, o Itamaraty continua engajado na busca de informações, em contato permanente com as autoridades dos EUA e das Bahamas, bem como com as famílias dos brasileiros desaparecidos que procuraram auxílio", diz a nota. Ela acrescenta que, por respeito à privacidade das pessoas desaparecidas, não divulga detalhes sobre a identidade delas.
Essa não é a primeira vez que a rota marítima entre Bahamas e a Flórida é utilizada. Já houve caso de interceptação de uma embarcação com brasileiros.
Ação conjunta
Em ano de crise, a busca de brasileiros pela entrada ilegal nos EUA vem preocupando autoridades brasileiras e americanas. Enquanto os Estados Unidos mantêm fiscalização rígida, prisões, deportações e avançam até em convênio com Governador Valadares, a Polícia Federal combate os coiotes, intermediários irregulares no processo de viagem.
Para evitar que a ação de coiotes continue levando brasileiros para o exterior, a Polícia Federal realiza a Operação Espectro. Desencadeada há três meses em Governador Valadares e na região do Vale do Aço, também em Minas, ela culminou com dez mandados de busca e apreensão e nove de conduções coercitivas de pessoas envolvidas no envio de brasileiro para os Estados Unidos.
A quadrilha, segundo a PF, cobrava entre US$ 18 mil e US$ 24 mil pelo serviço. Os envolvidos respondem por falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.
A grande quantidade de mineiros que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos e a ação dos coiotes fizeram com que o próprio governo americano buscasse uma saída para o problema. Nesse sentido, as autoridades americanas vêm tentando estreitar o relacionamento com a comunidade de Governador Valadares e região.
O vice-cônsul dos EUA no Brasil, Mark Neighbors, e a assistente consular, Cynthia Hutchinson, estiveram há um ano em Governador Valadares, firmando parceria com a prefeitura. A intenção foi divulgar informações sobre o processo legal para os moradores obterem o visto de viagem aos EUA.
Segundo Cynthia, "é preciso acabar com o mito de que os solicitantes de Governador Valadares e região têm mais dificuldades em conseguir o visto". A representante garantiu ainda que todos são tratados iguais e pedidos costumam ser negados quando as pessoas não usam "dados verdadeiros".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.