EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2014 às 08h22.
Islamabad - O Paquistão viveu nesta segunda-feira novos enfrentamentos entre a polícia e os opositores, que protagonizaram em Islamabad uma passeata até a residência oficial do primeiro-ministro, Nawaz Sharif, na qual houve entre 10 e 15 feridos, informou a imprensa local.
Segundo o jornal "Express Tribune", os manifestantes conseguiram derrubar a cerca que protege o Secretariado do Paquistão, residência oficial e o escritório do líder paquistanês, mesmo a polícia tendo usado material antidistúrbios.
Ontem o exército paquistanês pediu ao governo e à oposição que solucionem a crise política sem recorrer à violência, após um saldo de três mortos e mais de 500 feridos durante os incidentes do fim de semana.
O chefe do exército paquistanês, general Rahil Sharif, teve um encontro com altos cargos militares após os confrontos, e eles declararam apoio à democracia e se mostraram preocupados com a situação.
Apesar disso, na nota de imprensa advertiram que o exército está "comprometido em cumprir seu papel na hora de garantir a segurança do Estado".
A violência explodiu no sábado à noite quando os manifestantes conseguiram chegar à residência do primeiro-ministro do Paquistão. Eles exigem sua renúncia, mas o premiê defendeu a negociação.
Liderados por Imran Khan, à frente do Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), e do clérigo Tahirul Qadri, milhares de pessoas acamparam em Islamabad nas duas últimas semanas para pedir a saída de Sharif por corrupção e fraude eleitoral.
Após os choques do sábado noite, Khan reafirmou sua postura e assegurou que não parará com os protestos.
"Estou preparado para morrer aqui", disse a seus seguidores, de acordo com a imprensa local.
Khan e Qadri pretendem aproveitar a insatisfação da população com a crise energética, o aumento dos ataques insurgentes e a má situação da economia para forçar a saída do primeiro-ministro, que obteve a maioria absoluta na eleição de 2013.
Sharif, que foi deposto em um golpe de Estado dos militares em 1999, manteve uma difícil relação com eles desde sua opção de se aproximar da Índia e o julgamento por traição do ex-ditador militar Pervez Musharraf.
A ofensiva no Waziristão do Norte contra os insurgentes que começou em junho e que Sharif atrasou em favor do diálogo também foi uma fonte de tensão.
Analistas e observadores consideram que mesmo que Sharif supere a crise, ficará debilitado pelo resto de seu mandato e que o exército tomará o controle da segurança e a política externa. EFE