Papa recebe o presidente palestino e diz que Jerusalém é de três religiões
Em comunicado, o Vaticano disse que "Jerusalém deve ser reconhecida por todos como um lugar de encontro e não de conflito" e preservar seu status sagrado para três religiões
Da redação, com agências
Publicado em 4 de novembro de 2021 às 15h34.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se encontrou com o papa Francisco na Itália e outras autoridades da Santa Sé nesta quinta-feira, 4. Segundo o Vaticano, o objetivo foi discutir "a necessidade de restabelecer o diálogo para uma solução de dois Estados" no Oriente Médio, em relação aos conflitos com Israel.
Abbas encontrou-se também com o secretário de Estado Pietro Parolin, número 2 do Vaticano, e com o arcebispo Paul Gallagher, responsável pelas relações com os outros Estados.
A Autoridade Palestina, hoje chefiada pelo Mahmoud Abbas, é o governo provisório das áreas de Gaza e das Cisjordânia, hoje os dois territórios palestinos.
Segundo comunicado do Vaticano, "a necessidade absoluta de restabelecer o diálogo direto para chegar a uma solução de dois Estados, especialmente por meio de maiores esforços da comunidade internacional", foi evocada nessas conversas "cordiais".
"Foi reafirmado que Jerusalém deve ser reconhecida por todos como um lugar de encontro e não de conflito, e que seu status deve preservar sua identidade e seu caráter universal como uma cidade sagrada para as três religiões abraâmicas", continuou o comunicado.
O papa Francisco teve uma agenda ampla com outros líderes mundiais nos últimos dias, em meio à reunião do G20, grupo das principais economias do mundo. O evento ocorreu em Roma neste ano, e durante a agenda, o papa recebeu nomes como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Abbas deu ao papa um quadro representando a Gruta da Natividade em Belém, lugar onde Jesus nasceu segundo a tradição cristã, antes de lhe desejar "força" e "saúde", de acordo com um vídeo divulgado pelo Vaticano.
Esta foi a sexta visita de Abbas ao Vaticano desde a eleição do papa argentino em 2013, segundo o site de informações Vaticannews. Sua última visita foi em dezembro de 2018.
Na quarta-feira, Abbas já havia sido recebido pelo chefe do governo italiano, Mario Draghi. As duas autoridades falaram sobre "os últimos acontecimentos no Mediterrâneo e no Oriente Médio, em particular sobre as perspectivas para o processo de paz israelense-palestino", segundo um comunicado italiano.
Draghi "pediu a retomada rápida do diálogo e enfatizou que uma solução de dois Estados, justa, duradoura e negociada entre as partes, continua a ser a chave para uma estabilização regional duradoura."
Desde a chegada a Israel, em junho, de um governo de coalizão que encerrou 12 anos de administração de Benjamin Netanyahu, alguns primeiros contatos entre israelenses e palestinos foram estabelecidos, mas sem realmente abordar a espinhosa questão da paz.
Ainda no fim da gestão Netanyahu, o conflito entre Israel e palestinos escalou em maio deste ano, com uma guerra relâmpago entre o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, e o Estado israelense.
(Com AFP)
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