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Papa Francisco defende união civil entre homossexuais pela primeira vez

"Os homossexuais são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deveria ser descartado ou se sentir infeliz por isso", afirmou o papa Francisco

Papa Francisco: "Os homossexuais têm o direito de ter uma família" (Remo Casilli/Reuters)

Papa Francisco: "Os homossexuais têm o direito de ter uma família" (Remo Casilli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 13h43.

Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 14h14.

O papa Francisco afirmou, em um filme lançado nesta quarta-feira, que os homossexuais devem ser protegidos pelas leis de união civil, em uma das linguagens mais claras já usadas pelo pontífice sobre os direitos dos gays.

"Os homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deveria ser descartado ou se sentir infeliz por isso", diz o papa no documentário Francesco, do diretor indicado ao Oscar Evgeny Afineevsky.

“O que temos de criar é uma lei da união civil. Dessa forma, eles são legalmente cobertos. Eu defendi isso”, acrescentou.

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O papa pareceu estar se referindo à época em que era arcebispo de Buenos Aires e se opunha à legislação para aprovar casamentos de pessoas do mesmo sexo, mas apoiava algum tipo de proteção legal para os direitos dos casais homossexuais. O biógrafo papal Austen Ivereigh disse à Reuters que os comentários do papa no filme foram as palavras mais claras que o pontífice usou sobre o assunto desde sua eleição em 2013.O papa, que no início de seu papado disse a famosa frase "Quem sou eu para julgar?" quando questiondo sobre homossexuais que tentavam viver uma vida cristã, falou em uma parte do filme sobre Andrea Rubera, um homem gay que adotou três filhos com seu parceiro.

Rubera diz no filme que foi a uma missa matinal que o papa celebrou no Vaticano e lhe entregou uma carta explicando sua situação. Ele disse ao papa que ele e seu parceiro queriam criar os filhos como católicos em sua paróquia local, mas não queriam causar nenhum trauma para eles. Não ficou claro em que país eles vivem.

Rubera disse que o papa telefonou para ele vários dias depois, dizendo que tinha achado a carta "linda" e pedindo ao casal que apresentasse seus filhos à paróquia, mas que estivesse pronto para a oposição.

“Sua mensagem e seus conselhos foram muito úteis porque fizemos exatamente o que ele nos disse. É o terceiro ano que eles [as crianças] estão no caminho espiritual na paróquia”, diz Rubera no filme.

"Ele não mencionou qual era sua opinião sobre minha família, então [acho que] ele está seguindo a doutrina neste ponto, mas a atitude em relação às pessoas mudou muito", disse.

A Igreja Católica ensina que as tendências homossexuais não são pecaminosas, mas os atos homossexuais são, e afirma que os homossexuais devem ser tratados com dignidade.

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