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Papa chega à África levando mensagem de reconciliação

O Quênia é a primeira etapa de uma viagem que inclui Uganda e República Centro-Africana, e que tem como objetivo promover a paz e a reconciliação nesses países


	Papa na África: como já ocorreu em outros continentes, Francisco escolheu países que passam por problemas graves
 (Stefano Rellandini / Reuters)

Papa na África: como já ocorreu em outros continentes, Francisco escolheu países que passam por problemas graves (Stefano Rellandini / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2015 às 13h10.

O Papa Francisco iniciou nesta quarta-feira sua primeira viagem ao continente africano, ao desembarcar em Nairóbi, capital do Quênia, onde foi recebido por um coral e dançarinos.

O Quênia é a primeira etapa de uma viagem que inclui Uganda e República Centro-Africana, e que tem como objetivo promover a paz e a reconciliação nesses países do coração da África.

Como já ocorreu em outros continentes, Francisco escolheu países que passam por problemas graves.

Francisco expressou o desejo de que sua viagem à África dê frutos materiais e espirituais, em declarações feitas à imprensa a bordo do avião que o leva para Nairóbi.

"Vou com alegria ao encontro de quenianos, ugandeses e os irmãos centro-africanos", declarou o papa, visivelmente à vontade, ao saudar os 64 jornalistas que o acompanham em sua viagem.

"Agradeço tudo o que farão para que esta viagem dê os melhores frutos, tanto materiais quanto espirituais", afirmou, ao cumprimentar cada um dos jornalistas.

Indagado sobre sua etapa na República Centro-Africana, país mergulhado na violência, Francisco afirmou que há uma razão pela qual escolheu visitar esta nação, mas que somente a revelará em sua coletiva de imprensa a bordo do avião que o levará de volta ao Vaticano, na próxima segunda-feira.

A viagem acontece em um momento delicado, devido a tensões que reinam tanto na Europa quanto na África, pelos atentados de Paris, a tomada de reféns no hotel Bamako em Mali, o jihadismo empenhado em desestabilizar o equilíbrio de boa parte do mundo.

O programa da 11ª viagem ao exterior de Francisco inclui 19 discursos e numerosos encontros com a população local, fiel a seu estilo sensível e acessível.

"Estamos vivendo um tempo em que os fiéis de cada religião e as pessoas de boa vontade são convidadas a promover a compreensão e o respeito recíprocos", reconheceu o papa nesta segunda-feira em uma vídeo-mensagem gravada antes de viajar.

Durante sua estada, Francisco ouvirá os depoimentos de meninos soldados, das vítimas da aids, dos refugiados e mutilados de guerra, de gente comum, entre os mais pobres do planeta.

Um dos momentos mais emblemáticos será a abertura, no domingo, 29 de novembro, da "porta santa" da catedral de Bangui, capital da República Centro-Africana.

Com este gesto simbólico será antecipada em 10 dias a inauguração oficial em Roma de um Jubileu extraordinário, dedicado à "misericórdia" e ao perdão, convocado por Francisco para promover, segundo ele, "a compreensão" e "o respeito" sem distinção de raça nem credo.

Apesar do Vaticano assegurar que cumprirá o programa estabelecido para Bangui, a etapa mais perigosa, onde planejam uma visita à mesquita do bairro-fortaleza muçulmano, há possibilidade mudanças, de última hora, para enfrentar a violência entre milícias muçulmanas e cristãs e a insegurança.

As forças de segurança do Quênia, Uganda e República Centro-Africana adotaram medidas de segurança para a visita de alto risco de cinco dia do papa Francisco.

Quênia e Uganda, que integram a AMISOM (Força da União Africana na Somália), são alvos dos islamitas somalis shebab, aliados da Al-Qaeda.

Os governos dos dois países anunciaram a mobilização de quase 10.000 policiais em Nairóbi e Kampala, as capitais, cidades nas quais o pontífice celebrará grandes missas ao ar livre.

"Adotamos todos os dispositivos de segurança, que serão aplicados a partir de sua chegada", disse o chefe de polícia do Quênia, Joseph Boinett.

"Envolvem as estradas por onde circulará e os locais de visita e alojamento", completou.

Mais de 400 pessoas morreram nos atentados executados pelos shebab no Quênia desde setembro de 2013, quando aconteceu o ataque contra o shopping Westgate de Nairóbi, que deixou 67 mortos.

Mais de 100 pessoas morreram em vários ataques contra localidades da costa e 148 foram assassinadas por um comando na Universidade de Garissa (leste) em abril de 2015.

Em alguns casos, os criminosos liberaram os muçulmanos e mataram apenas os não muçulmanos.

Em Uganda, dois atentados mataram 76 pessoas em um restaurante e um bar de Kampala durante a final da Copa do Mundo de 2010.

A ONU anunciou que 300 capacetes azuis baseados na Costa do Marfim serão enviados à República Centro-Africana para apoiar os 12.000 integrantes da MINUSCA (Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana), responsáveis pela segurança durante a visita papal.

Exclusão

Francisco inicia sua viagem pelo Quênia e Uganda, dois países anglófonos, nos quais 32% e 47% da população, respectivamente, considera-se católica.

O papa João Paulo II esteve três vezes no Quênia e Uganda, este último foi o primeiro país da África visitado por um papa (Paulo VI) em 1964.

Como seus predecessores, Francisco condenará as desigualdades econômicas e denunciará um dos grandes males desse continente, a corrupção, que afeta muitas nações africanas e envolve dirigentes, líderes políticos e até mesmo a Igreja.

"O problema da exclusão social é flagrante em ambos os países. No Quênia, 75% da riqueza está concentrada nas mãos de 1% da população", afirmou o padre Albanese.

Em Nairóbi, capital do Quênia e em uma das sedes oficiais da ONU, será falado sobre um tema-chave de seu pontificado, a mudança climática e o crescimento da desigualdade, argumento que abordou em sua encíclica Laudato Si e com o qual espera influenciar os debates da conferência mundial que começa no dia 30 de novembro.

O papa está na vanguarda da luta pelo desenvolvimento integral e respeitoso à natureza.

Em Uganda, prestará homenagem a todos os mártires cristãos da África e celebrará uma missa em um santuário pelos 22 jovens cristãos queimados vivos no final do século XIX, por ordem do rei Mwanga, após terem negado a se converter em escravos sexuais. Eles haviam sido canonizados por Paulo VI.

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