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Papa anuncia "mudanças e resoluções" em Igreja chilena após pedofilia

Chefe da Igreja Católica anunciou que está disposto a tomar medidas "em curto, médio e longo prazo" contra hierarquia responsável por ter encoberto abusos

Papa Francisco: "Agradeço a plena disponibilidade que cada um manifestou para aderir e colaborar em todas as mudanças e resoluções" (Tony Gentile/Reuters)
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AFP

Publicado em 17 de maio de 2018 às 20h47.

Última atualização em 17 de maio de 2018 às 20h47.

O papa Francisco se dispôs a tomar medidas severas, fazer "mudanças e resoluções" dentro da Igreja do Chile , ao fim de três dias de reuniões no Vaticano após os escândalos por abusos sexuais cometidos por religiosos nesse país.

Em uma carta divulgada nesta quinta-feira (17) e entregue aos 34 bispos convocados pelo papa ao Vaticano, o chefe da Igreja Católica anunciou que está disposto a tomar medidas "em curto, médio e longo prazo" contra a hierarquia da Igreja, responsável por ter encoberto por décadas "abusos sexuais e de poder" cometidos por religiosos contra menores de idade.

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"Agradeço a plena disponibilidade que cada um manifestou para aderir e colaborar em todas as mudanças e resoluções que teremos que implementar em curto, médio e longo prazo", escreveu o papa argentino.

Tratam-se de medidas "necessárias para restabelecer a Justiça e a comunhão eclesial", explicou o pontífice.

Na missiva, o papa reconheceu que os encontros com bispos foram marcados por "um discernimento franco diante dos graves acontecimentos que prejudicaram a comunhão eclesial e enfraqueceram o trabalho da Igreja no Chile nos últimos anos.

O pontífice argentino convocou em abril a hierarquia da Igreja chilena para o Vaticano, uma medida excepcional, para "discernir o assunto" e preparar medidas que reparem o escândalo desatado pelos casos de pedofilia e seu encobrimento.

"À luz destes acontecimentos dolorosos sobre os abusos - de menores, de poder e de consciência -, nos aprofundamos na gravidade dos mesmos e assim como nas consequências trágicas que tiveram particularmente para as vítimas", reconheceu o pontífice.

"A algumas delas eu mesmo pedi perdão de coração, ao qual vocês se uniram em uma só vontade e com o firme propósito de reparar os danos causados", acrescentou, referindo-se ao convite especial feito há duas semanas pelo Vaticano a três das vítimas do padre Fernando Karadima - Juan Carlos Cruz, José Andrés Murillo e James Hamiltón -, que pediram medidas exemplares.

"Possível expurgo"

O grupo de bispos se reuniu em quatro ocasiões com o pontífice argentino, que impôs na terça-feira, após o primeiro encontro, 24 horas de silêncio, dedicadas "à meditação e à oração".

Entre os 34 bispos presentes, 31 em funções, figuram vários dos acusados ​​de terem encoberto durante décadas os abusos cometidos por Karadima, suspenso pelo resto da vida, depois de ser declaro culpado em 2011 por abuso sexual de menores de idade cometidos nas décadas de 1980 e 1990.

Nenhum dos presentes, entre eles o controverso bispo de Osorno, Juan Barros, quis falar com a imprensa, mantendo até agora uma atitude prudente.

Durante a sua viagem ao Chile em janeiro, Francisco defendeu Barros, mas ao retornar ao Vaticano, ordenou uma investigação que determinou que havia sido mal informado sobre o caso.

Antes das reuniões cruciais, o bispo Fernando Ramos, secretário da Conferência Episcopal e o bispo Juan Ignacio González realizaram em nome da hierarquia da Igreja chilena uma entrevista coletiva durante a qual expressaram sua "dor e vergonha", e disseram estar dispostos a acatar as medidas tomadas pelo chefe da Igreja Católica.

Os dois bispos citaram uma nova coletiva de imprensa para sexta-feira.

Não se exclui a possibilidade de remoção de vários hierarcas, uma espécie de expurgo do papa Francisco e uma mensagem clara de sua vontade de acabar com os abusos " tanto sexuais como de poder e consciência" na Igreja, segundo reiterou na carta.

"Acredito que haverá medidas concretas em curto prazo", adiantou à imprensa o padre espanhol Jordi Bertomeu, um dos encarregados pelo papa para investigar o caso no Chile.

Não é a primeira vez que um pontífice faz um expurgo de tal magnitude por casos de abuso sexual. João Paulo II fez isso em 2002 com a Igreja dos Estados Unidos e Bento XVI em 2010 com a da Irlanda.

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