Exame Logo

Países reforçam medidas para evitar contágio por Ebola

A febre hemorrágica já deixou 4.000 mortos em todo o mundo

Equipe especializada no enterro de vítimas do vírus Ebola no cemitério Fing Tom, de Freetown, Serra Leoa (FLORIAN PLAUCHEUR/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2014 às 11h31.

Madri - A auxiliar de enfermagem espanhola infectada com Ebola estava melhor neste sábado, ao mesmo tempo que o governo brasileiro descartou a doença em um paciente africano.

Muitos países reforçam os controles para evitar qualquer contágio da epidemia de febre hemorrágica que já deixou 4.000 mortos em todo o mundo.

Em Madri, mais três pessoas foram internadas na sexta-feira, por precaução, no hospital onde Teresa Romero, auxiliar de enfermagem de 44 anos, luta contra o vírus.

"O estado dela melhorou durante a noite", afirmou à AFP uma fonte médica que pediu anonimato.

"Está consciente, fala e, de vez em quando, fica de bom humor. Seu estado melhora dentro da gravidade", completou a fonte.

Na sexta-feira à noite, ela recebeu uma dose do medicamento experimental Zmapp, segundo a mesma fonte. O tratamento desenvolvido por um laboratório californiano é um dos usados para tentar deter a epidemia.

Romero é a primeira pessoa a contrair o vírus fora da África, provavelmente ao cuidar de um missionário espanhol repatriado a Madri e que morreu vítima do Ebola. Nenhuma das 16 pessoas em observação apresenta sintomas.

No Brasil, o paciente guineano internado e isolado não tem Ebola, anunciou neste sábado o ministério da Saúde, depois de receber os resultados do primeiro exame.

"O ministério da Saúde informa que o exame para o diagnóstico do paciente suspeito de infecção pelo vírus Ebola teve resultado negativo", afirma um comunicado, antes de explicar que o exame precisa ser confirmado em 48 horas.

"O estado de saúde é bom, não apresenta febre e continua em isolamento total no Instituto de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro", destacou o ministério.

O governo informou que, caso o segundo exame confirme o resultado negativo para o Ebola, o paciente deixará o isolamento e o sistema de vigilância das pessoas com as quais manteve contato será desmontado.

A epidemia, que começou na Guiné no final de 2013, matou mais de 4.000 pessoas, segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase 8.400 casos foram registrados em sete países.

Do Reino Unido até a Nicarágua, os países anunciaram medidas de reforço do controle nas fronteiras para pessoas procedentes dos países mais afetados pela epidemia: Guiné, Libéria e Serra Leoa.

Nos Estados Unidos, os controles reforçados começaram neste sábado no aeroporto J. F. Kennedy de Nova York. O Canadá aconselhou aos cidadãos que abandonem países africanos mais afetados "enquanto ainda prosseguem os voos comerciais".

O Reino Unido organiza uma exercício neste sábado com centenas de pessoas, incluindo ministros, para testar a capacidade do país para enfrentar um caso de Ebola em seu território.

A Confederação Africana de Futebol (CAF) anunciou neste sábado que não adiará a Copa da África, prevista para janeiro e fevereiro de 2015 no Marrocos, apesar da epidemia. A CAF rejeitou um pedido do governo marroquino, que solicitou a alteração no calendário por precaução.

Na Libéria, o Parlamento rejeitou a decisão da presidente Ellen Johnson Sirleaf de adiar as eleições para o Senado por causa do vírus. Também rejeitou o pedido de plenos poderes.

Alarmes falsos e boatos

O primeiro caso de contágio fora da África e a morte de um paciente em território americano deram uma dimensão mundial ao medo: alarmes falsos, boatos, e internações preventivas aumentaram nos últimos dias.

A Espanha luta contra a divulgação nas redes sociais de imagens que simulam páginas dos veículos de comunicação para anunciar novos casos de contágio.

O governo espanhol tenta acalmar os funcionários do setor de saúde, inquietos com a falta de recursos e de formação ante uma doença pouco conhecida.

"Não faltarão recursos nem financiamento para atender a todos os pacientes", disse a ministra da Saúde, Ana Mato.

A África Ocidental não tem os mesmos recursos. Mas a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, declarou que a instituição, que já repassou 41 milhões de dólares a Guiné, está "disposta a fazer mais se for necessário", após um encontro com o presidente guineano Alpha Condé.

O chefe da missão da ONU para a luta contra o Ebola, Anthony Banbury, destacou a urgência da crise.

"O tempo joga contra. O vírus é mais rápido que nós e a situação piora a cada dia".

"Estamos atrasados, mas ainda há tempo para lutar e ganhar a batalha", completou.

O governo do Mali anunciou testes clínicos de uma vacina contra o Ebola no centro do desenvolvimento de vacinas de Bamako.

A vacina também está sendo testada nos Estados Unidos e Reino Unido.

Até o momento não existe nenhuma vacina ou tratamento homologado contra o vírus, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais.

São Paulo - Ebola é uma doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
  • 2. A origem

    2 /13(Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)

  • Veja também

    A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
  • 3. A epidemia atual

    3 /13(Tommy Trenchard/Reuters)

  • Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
  • 4. Os sintomas

    4 /13(AFP)

    Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
  • 5. Transmissão

    5 /13(Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)

    O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
  • 6. O tratamento

    6 /13(Cellou Binani/AFP)

    Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
  • 7. Como se proteger

    7 /13(AFP)

    A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
  • 8. Epidemia global

    8 /13(Tommy Trenchard / Reuters)

    O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
  • 9. Vacina experimental

    9 /13(sxc.hu)

    Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
  • 10. Fronteiras fechadas

    10 /13(Gary Cameron/Reuters)

    Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
  • 11. Não há mercado para a vacina

    11 /13(AFP)

    Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
  • 12. Medicação

    12 /13(Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)

    Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
  • 13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde

    13 /13(Reuters)

  • Acompanhe tudo sobre:DoençasEbolaEpidemias

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Mundo

    Mais na Exame