Mundo

Países da UE devem ceder vistos humanitários em casos de tortura

Consideração foi feita por um advogado-geral da justiça após analisar o caso de uma família de Aleppo que teve este pedido negado pela Bélgica

Refugiados são retirados do campo do Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia (Yannis Kolesidis / Reuters)

Refugiados são retirados do campo do Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia (Yannis Kolesidis / Reuters)

A

AFP

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 11h16.

Os países da União Europeia estão obrigados a expedir um visto humanitário às pessoas que solicitarem proteção internacional contra a tortura, considerou nesta terça-feira o advogado-geral da justiça europeia, depois de analisar o caso de uma família de Aleppo que teve este pedido negado pela Bélgica.

"O Estado membro, ao qual um nacional de um terceiro país solicita a expedição de um visto (...) por razões humanitárias, é obrigado a expedir tal visto se existirem razões sérias e fundadas" de que o solicitante pode sofrer tortura ou tratamento desumano, segundo o advogado-geral Paolo Mengozzi, indicou em um comunicado o Tribunal de Justiça da UE (TJUE).

O advogado-geral, cujas conclusões costumam ser seguidas pelos magistrados do alto tribunal europeu em suas sentenças definitivas, analisou a situação de um casal sírio e de seus três filhos menores de idade, que tiveram rejeitado pela Bélgica no dia 18 de outubro um visto de curta duração para viajar ao país com o objetivo de pedir asilo.

Um dos solicitantes, que retornou à Síria um dia depois de apresentar seu pedido, no dia 12 de outubro ante a embaixada belga no Líbano, explicou que um grupo armado o sequestrou e torturou, antes de libertá-lo em troca de um resgate, lembra a justiça europeia.

A família, de confissão cristã ortodoxa, também demonstrou sua preocupação por uma eventual perseguição por suas crenças religiosas e pela degradação da segurança em Aleppo, onde na época as forças governamentais e os combatentes rebeldes lutavam para tomar o controle total da cidade.

Os solicitantes decidiram recorrer da decisão da Bélgica, que considerava que os países da UE não são obrigados a admitir em seu território todas as pessoas que vivem uma situação catastrófica, ante o Conselho do Contencioso de Estrangeria belga, que pediu a opinião do TJUE.

Em virtude do Código de Vistos comunitário e da Carta dos Direitos Fundamentais da UE, Paolo Mengozzi estima que, no caso da família síria, a Bélgica "não pôde chegar à conclusão" de que estava dispensada de expedir o visto humanitário devido à situação no país.

Acompanhe tudo sobre:RefugiadosUnião EuropeiaViolência política

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame