Donald Tusk: o presidente da Comissão Europeia afirmou que o acordo continua em cena provisoriamente (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 10h34.
Amsterdã - O governo da Holanda disse hoje que a ratificação do pacto comercial da União Europeia com a Ucrânia não pode prosseguir após os eleitores do país o terem rejeitado em referendo.
"Está claro que a ratificação não pode continuar como se nada tivesse acontecido", disse o governo em comunicado, acrescentando que a votação mostrou uma "clara vitória das pessoas que votaram contra".
Enquanto o acordo da União Europeia com a Ucrânia foi ratificado pelos demais 27 países do grupo, os holandeses rejeitaram a proposta, com 61% contra e 38% a favor, de acordo com os resultados preliminares divulgados pela rede estatal de mídia NOS.
O resultado final ainda não foi divulgado. O comparecimento às urnas foi de 32%, ligeiramente acima dos 30% necessários para tornar o resultado válido.
A rejeição é mais um golpe à União Europeia, num momento em que o bloco é confrontado com uma entrada recorde de imigrantes desde o pós-guerra, ampliando as ameaças terroristas e a fragilidade econômica.
O sentimento anti-UE está a aumentar em toda a região, inclusive na Holanda, que é membro-fundador do bloco e em sido um forte apoiador da integração europeia.
O governo holandês informou que irá conversar com o Parlamento antes de falar com os parceiros da União Europeia e com o governo da Uncrânia. "Esse processo levará tempo até que se alcance uma solução que seja aceitável por todas as partes."
O presidente da Comissão Europeia, Donald Tusk, afirmou que o acordo continua em cena provisoriamente.
"Eu tomei conhecimento do resultado do referendo na Holanda. Continuarei em contato com o primeiro-ministro Rutte sobre isso, já que preciso saber quais conclusões ele e seu governo irão tomar diante do referendo e quais serão suas intenções", disse Tusk em comunicado.
Não há um prazo final para que o pacto com a União Europeia seja definido.
A Rússia tem se oposto ao acordo, dizendo que iria prejudicar seus laços econômicos com a Ucrânia. O comércio da Rússia com a Ucrânia tem sido afetado pelo conflito envolvendo rebeldes pró-Moscou e Kiev.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse em comunicado que "o verdadeiro alvo daqueles que organizaram o referendo não era o acordo entre a Uncrânia e a União Europeia".
Segundo ele "isso é um ataque à unidade europeia, um ataque à disseminação dos valores europeus".
Poroshenko acrescentou que a Ucrânia continuará mantendo sua parte no acordo, e que o país "não deixará o caminho da euro-integração".