Outro discípulo de Chávez cresce em meio a queda venezuelana
No momento em que a recessão está empurrando a popularidade de Maduro para um nível mínimo recorde, Diosdado Cabello tem agido em público como o suplente fiel
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2015 às 16h59.
Quando o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , fechou a fronteira com a Colômbia , ele estava no palácio presidencial, a centenas de quilômetros de distância.
Em campo, supervisando as deportações e os funcionários locais, estava o chefe mão de ferro dos legisladores do país, Diosdado Cabello.
Quando as prateleiras das lojas ficaram vazias na vacilante economia estatal, foi Cabello que viajou ao Brasil em junho para fechar o maior acordo de provisão de alimentos da história do país.
E quando os metalúrgicos largaram as ferramentas para protestar contra a inflação de três dígitos, Cabello foi para as usinas de aço e reprimiu a rebelião.
Em um momento em que a recessão mais profunda na história do país está empurrando a popularidade de Maduro para um nível mínimo recorde, Cabello, presidente do congresso, tem agido em público como o suplente fiel, realizando tarefas duras nos momentos e lugares mais difíceis.
Mas Cabello, que não esconde sua ambição e seu estilo implacável, não está somente ao lado do chefe. Como quatro de cada cinco venezuelanos estão dizendo aos pesquisadores que Maduro não deveria finalizar o mandato, Cabello está aproveitando essas crises para se colocar como sucessor.
“Por enquanto, Cabello tem um casamento de conveniência com Maduro, no qual eles entendem que precisam trabalhar juntos para garantir a continuidade do governo”, disse Diego Moya-Ocampos, analista político em Londres da IHS Inc., uma empresa de consultoria. “Contudo, Cabello está se posicionando constantemente como o líder na próxima eleição presidencial”.
Um primeiro-tenente aposentado do exército, oriundo das planícies do estado de Monagas, no leste do país, Cabello, 52, se uniu a Hugo Chávez, seu mentor na academia militar, em um golpe de Estado malsucedido em 1992.
Depois que Chávez conquistou a presidência, seis anos mais tarde, Cabello foi ministro de Obras Públicas e do Interior, governador do segundo maior estado do país e vice-presidente, antes de assumir a chefia da assembleia nacional.
Alavancas do poder
Esses cargos deram a Cabello um acesso inigualável às alavancas do poder: o exército, as empresas e a política. Ele não demorou para explorar esse acesso e colocou seus irmãos e esposa no comando da alfândega, da agência fiscal e do Ministério da Indústria.
Durante os últimos anos de Chávez, quando a doença se espalhava, Cabello e Maduro iam por caminhos paralelos.
O acesso de Maduro ao governo cubano, construído durante os seis anos em que ele atuou como ministro de Relações Exteriores, o ajudou a vencer Cabello e se tornar o herdeiro nos últimos meses de tratamento de Chávez em Havana.
Agora, como Maduro está com problemas políticos, talvez Cabello, que combina um talento para construir facções com uma abordagem implacável para os inimigos, tenha uma oportunidade.
Transição
“Sem dúvida, a facção de Cabelo é a mais poderosa no governo”, disse Moya-Ocampos. “Ele seria um agente fundamental em qualquer transição política”.
Essa transição poderia chegar antes que o mandato de Maduro acabe em 2019, como resultado da eleição parlamentar em dezembro.
A escassez crônica de itens básicos, a inflação descontrolada e o aumento da criminalidade deixaram o governo rumo à perda do controle da Assembleia Nacional pela primeira vez em dezesseis anos.
A aliança opositora e os independentes levam uma vantagem de 30 a 40 pontos porcentuais sobre o Partido Socialista Unido, governante, em todas as pesquisas nacionais. Se vencerem, eles poderiam começar um referendo no ano que vem para tirar Maduro do poder.
Apesar das constantes aparições na TV e das visitas oficiais, Cabello tem evitado cultivar uma liderança política separada. Apenas 1 por cento dos venezuelanos dizem identificá-lo como líder, em comparação com 20 por cento para o líder opositor Leopoldo López, que está preso, segundo uma pesquisa feita em julho pela DatinCorp., com sede em Caracas.
Parece provável que isso mude se a oposição vencer a eleição de dezembro, disse Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanálisis, com sede em Caracas.
“Uma derrota significativa nas eleições parlamentares sem dúvida dividirá o partido governante, o que evidenciará suas divisões internas”, disse León. “Quando isso acontecer, um novo líder vai surgir para desafiar o presidente”.
Quando o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro , fechou a fronteira com a Colômbia , ele estava no palácio presidencial, a centenas de quilômetros de distância.
Em campo, supervisando as deportações e os funcionários locais, estava o chefe mão de ferro dos legisladores do país, Diosdado Cabello.
Quando as prateleiras das lojas ficaram vazias na vacilante economia estatal, foi Cabello que viajou ao Brasil em junho para fechar o maior acordo de provisão de alimentos da história do país.
E quando os metalúrgicos largaram as ferramentas para protestar contra a inflação de três dígitos, Cabello foi para as usinas de aço e reprimiu a rebelião.
Em um momento em que a recessão mais profunda na história do país está empurrando a popularidade de Maduro para um nível mínimo recorde, Cabello, presidente do congresso, tem agido em público como o suplente fiel, realizando tarefas duras nos momentos e lugares mais difíceis.
Mas Cabello, que não esconde sua ambição e seu estilo implacável, não está somente ao lado do chefe. Como quatro de cada cinco venezuelanos estão dizendo aos pesquisadores que Maduro não deveria finalizar o mandato, Cabello está aproveitando essas crises para se colocar como sucessor.
“Por enquanto, Cabello tem um casamento de conveniência com Maduro, no qual eles entendem que precisam trabalhar juntos para garantir a continuidade do governo”, disse Diego Moya-Ocampos, analista político em Londres da IHS Inc., uma empresa de consultoria. “Contudo, Cabello está se posicionando constantemente como o líder na próxima eleição presidencial”.
Um primeiro-tenente aposentado do exército, oriundo das planícies do estado de Monagas, no leste do país, Cabello, 52, se uniu a Hugo Chávez, seu mentor na academia militar, em um golpe de Estado malsucedido em 1992.
Depois que Chávez conquistou a presidência, seis anos mais tarde, Cabello foi ministro de Obras Públicas e do Interior, governador do segundo maior estado do país e vice-presidente, antes de assumir a chefia da assembleia nacional.
Alavancas do poder
Esses cargos deram a Cabello um acesso inigualável às alavancas do poder: o exército, as empresas e a política. Ele não demorou para explorar esse acesso e colocou seus irmãos e esposa no comando da alfândega, da agência fiscal e do Ministério da Indústria.
Durante os últimos anos de Chávez, quando a doença se espalhava, Cabello e Maduro iam por caminhos paralelos.
O acesso de Maduro ao governo cubano, construído durante os seis anos em que ele atuou como ministro de Relações Exteriores, o ajudou a vencer Cabello e se tornar o herdeiro nos últimos meses de tratamento de Chávez em Havana.
Agora, como Maduro está com problemas políticos, talvez Cabello, que combina um talento para construir facções com uma abordagem implacável para os inimigos, tenha uma oportunidade.
Transição
“Sem dúvida, a facção de Cabelo é a mais poderosa no governo”, disse Moya-Ocampos. “Ele seria um agente fundamental em qualquer transição política”.
Essa transição poderia chegar antes que o mandato de Maduro acabe em 2019, como resultado da eleição parlamentar em dezembro.
A escassez crônica de itens básicos, a inflação descontrolada e o aumento da criminalidade deixaram o governo rumo à perda do controle da Assembleia Nacional pela primeira vez em dezesseis anos.
A aliança opositora e os independentes levam uma vantagem de 30 a 40 pontos porcentuais sobre o Partido Socialista Unido, governante, em todas as pesquisas nacionais. Se vencerem, eles poderiam começar um referendo no ano que vem para tirar Maduro do poder.
Apesar das constantes aparições na TV e das visitas oficiais, Cabello tem evitado cultivar uma liderança política separada. Apenas 1 por cento dos venezuelanos dizem identificá-lo como líder, em comparação com 20 por cento para o líder opositor Leopoldo López, que está preso, segundo uma pesquisa feita em julho pela DatinCorp., com sede em Caracas.
Parece provável que isso mude se a oposição vencer a eleição de dezembro, disse Luis Vicente León, diretor da empresa de pesquisas Datanálisis, com sede em Caracas.
“Uma derrota significativa nas eleições parlamentares sem dúvida dividirá o partido governante, o que evidenciará suas divisões internas”, disse León. “Quando isso acontecer, um novo líder vai surgir para desafiar o presidente”.