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Otan descarta antecipar retirada do Afeganistão

A mensagem da Otan veio poucos dias depois de uma série de ataques realizados em Cabul, que alertaram para a ameaça talibã

Todos os responsáveis da Otan mencionaram a resposta eficaz das forças de segurança afegãs aos ataques (Aref Karimi/AFP)

Todos os responsáveis da Otan mencionaram a resposta eficaz das forças de segurança afegãs aos ataques (Aref Karimi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2012 às 19h29.

Bruxelas - A Otan afirmou nesta quarta-feira que os recentes ataques talibãs realizados no Afeganistão não alteraram a estratégia de retirada de suas tropas do país, marcada para 2014.

''Há um compromisso claro de manter o plano e de terminar o trabalho no Afeganistão'', assegurou o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, ao término de uma reunião da organização em Bruxelas, na Bélgica.

A mensagem da Otan veio poucos dias depois de uma série de ataques realizados em Cabul, que alertaram para a ameaça talibã, e do anúncio da Austrália (que não faz parte da Otan mas coopera no Afeganistão) de que retirará suas tropas do país no ano que vem. Em 2015, a atual Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) será substituída por tropas afegãs.

Em relação aos insurgentes, todos os responsáveis da Otan mencionaram a resposta eficaz das forças de segurança afegãs aos ataques perpetrados neste fim de semana como uma amostra de que a estratégia da organização está funcionando.

''Os ataques em Cabul nos mostram que a ameaça permanece, mas que a transição pode funcionar'', explicou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que disse que há dois anos as forças de segurança do Afeganistão não conseguiriam enfrentar a situação.

Já no caso australiano, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, assegurou que o anúncio do governo está dentro da estratégia aliada, pois a transferência das responsabilidades de segurança para as tropas afegãs na zona ocupada já permitirá a retirada em 2013.

A notícia, no entanto, surpreendeu países como a Alemanha. O ministro da Defesa do país, Thomas de Maizière, afirmou que a Austrália não mencionou sobre essa intenção no ano passado.


Enquanto se esforça para explicar que a estratégia até o fim de 2014 se manterá, a Otan também avança em seus planos para depois desta data. Os objetivos da organização serão discutidos na cúpula de chefes de estado e de governo que será realizada no próximo mês em Chicago, nos Estados Unidos, nos dias 20 e 21 de maio.

Segundo Rasmussen, o consenso sobre uma nova missão com o objetivo de treinar as forças afegãs está aumentando. Os detalhes do projeto serão definidos em Chicago, onde os países membros decidirão os meios utilizados na missão e se junto com o trabalho de formação manterão no Afeganistão tropas de combate.

Estados Unidos e Reino Unido, de acordo com fontes aliadas, desejam deixar no Afeganistão forças especiais para atuar em operações antiterroristas, seja no âmbito da Otan ou não. A princípio, estes dois países seriam os únicos dispostos a manter efetivos no Afeganistão.

O outro grande tema que a Otan levará para a cúpula será o financiamento do exército e da polícia afegãs depois de 2014. Atualmente, essa despesa é coberta quase em sua totalidade pelos EUA, mas o país já deixou claro que a longo prazo espera apoio da comunidade internacional.

Washington seguirá assumindo metade deste custo, estimado em cerca de US$ 4 bilhões ao ano entre 2015 e 2018, mas espera-se que o restante dos países presentes no Afeganistão forneça até US$ 1 bilhão, e que outros estados, especialmente do Golfo Pérsico, também contribuam.

De acordo com o secretário-geral da Otan, vários aliados já ofereceram contribuições (o Reino Unido prometeu hoje um auxílio de US$ 110 milhões anuais), e em Chicago será transmitido uma mensagem clara sobre o assunto. 

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