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Os EUA "estão brincando com fogo", adverte chanceler iraniano

Estados Unidos renunciaram ao acordo internacional com o Irã, e voltaram a aplicar duras sanções contra a República Islâmica

Chanceler do Irã, Mohammad Zarif: " Se o nosso plano fosse desenvolver armas nucleares já teríamos feito isto há muito tempo" (AFP/AFP)

Chanceler do Irã, Mohammad Zarif: " Se o nosso plano fosse desenvolver armas nucleares já teríamos feito isto há muito tempo" (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 16 de julho de 2019 às 07h37.

O chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, advertiu nesta segunda-feira que os Estados Unidos estão "brincando com fogo", em referência aos comentários do presidente americano, Donald Trump, no momento em que os dois países se enfrentam sobre o programa nuclear de Teerã.

No ano passado, os Estados Unidos renunciaram ao acordo internacional destinado a deter o programa nuclear do Irã, e voltaram a aplicar duras sanções contra a República Islâmica.

A tensão tem crescido desde então, e os Estados Unidos suspenderam um ataque aéreo contra o Irã na última hora, após Teerã derrubar um drone americano e Washington culpar a República Islâmica por uma série de ataques a navios petroleiros.

"Acredito que os Estados Unidos estão brincando com fogo", disse Zarif nesta segunda-feira à NBC News.

Na semana passada, o Irã anunciou que havia enriquecido urânio além do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo nuclear, e também superou o limite de 300 quilos de reservas de urânio enriquecido.

"Isto podemos reverter em questão de horas", declarou Zarif à NBC News. "Não estamos a ponto de desenvolver armas nucleares. Se o nosso plano fosse desenvolver armas nucleares já teríamos feito isto há muito tempo".

Os comentários de Zarif ocorrem após Washington impor restrições excessivamente severas aos movimentos do chanceler iraniano durante sua visita às Nações Unidas, em Nova York.

Semanas depois dos Estados Unidos ameaçarem impor novas sanções a Zarif, o secretário de Estado, Mike Pompeo, anunciou que Washington permitiu sua entrada no país, mas lhe proibiu de circular além de um raio de seis quadras em torno da missão iraniana na ONU, no centro de Manhattan.

E assegurou que Zarif usou as liberdades que os Estados Unidos lhe dão para espalhar "propaganda maligna".

Como costuma fazer em suas viagens à ONU, Zarif tentou transmitir a mensagem do Irã à mídia e a missão iraniana postou no Twitter fotos do ministro conversando com a NBC News y la BBC.

A visita de Zarif é o último sinal de que a administração de Donald Trump parece estar recuando em suas intenções de sancioná-lo como parte da campanha de máxima pressão contra o Irã.

Os Estados Unidos, como país anfitrião da ONU, tem um acordo para expedir vistos de maneira imediata para os diplomatas estrangeiros que trabalham na organização, e raramente recusa as petições.

Zarif deve falar na quarta-feira no Conselho Econômico e Social da ONU, que celebra uma importante reunião sobre desenvolvimento sustentável.

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, havia indicado em 24 de junho o anúncio de sanções contra Zarif nessa semana.

Os críticos indicaram que as sanções acabaram com qualquer possibilidade de diálogo entre ambos países, apesar de Trump garantir que esse é o objetivo.

Zarif disse numa entrevista ao The New York Times que não se veria afetado pelas sanções já que não possui ativos fora do Irã.

As restrições de movimento contra Zarif são extraordinariamente severas, já que os Estados Unidos geralmente proíbem o deslocamento de diplomatas de nações hostis fora de um raio de 40 quilômetros do Columbus Circle de Nova York.

Os Estados Unidos não contam com representantes diplomáticos no Irã, já que romperam relações após a revolução islâmica de 1979 que derrubou xá Reza Pahlevi de orientação ocidental.

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