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Opositores russos protestam contra vitória de Putin

'Não reconhecemos como legítimas as eleições. Foram utilizadas tecnologias sujas de manipulação eleitoral', disse Sergei Udaltsov, um dos dirigentes opositores

'Sairemos às ruas de Moscou e não vamos deixá-las', disse o advogado e blogueiro Alexei Navalni, o dirigente opositor mais popular (©AFP / Kirill Kudryavtsev)

'Sairemos às ruas de Moscou e não vamos deixá-las', disse o advogado e blogueiro Alexei Navalni, o dirigente opositor mais popular (©AFP / Kirill Kudryavtsev)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2012 às 15h52.

Moscou - Milhares de opositores russos saíram nesta segunda-feira às ruas das duas principais cidades russas para protestar contra a vitória de Vladimir Putin, com 63,60% dos votos, nas eleições presidenciais de domingo e pedir sua repetição por fraude.

'Exigimos eleições parlamentares antecipadas e agora também presidenciais. Consideramos as eleições de 4 de março fraudulentas e ilegítimas. Suas eleições são uma farsa', afirmou o liberal Vladimir Richkov durante um comício na histórica Praça Pushkin de Moscou.

Os principais dirigentes do movimento 'Por eleições limpas', organizador da maior onda de protestos antigovernamentais desde a queda da União Soviética, pediram a Putin uma urgente reforma do sistema político.

'Nós continuaremos nossa luta pacífica e não violenta baseada na justiça e na liberdade, até alcançarmos que nossas exigências sejam cumpridas', disse, citado pelas agências locais.

A presença de duas ou três dezenas de milhares de manifestantes foi muito menor que a prevista pelos organizadores, que confiavam em atrair mais de 100 mil pessoas, ainda mais por contar com a autorização da Prefeitura, para obrigar o presidente eleito a entabular um diálogo com a oposição.

'Não reconhecemos como legítimas as eleições presidenciais. Foram utilizadas tecnologias sujas de manipulação eleitoral', disse à Agência Efe Sergei Udaltsov, um dos dirigentes opositores mais radicais.

Udaltsov adiantou que a oposição extraparlamentar 'reforçará a campanha de desobediência civil com protestos grandes, mas pacíficos' e anunciou que a próxima concentração acontecerá no dia 10 de março.

Grupos de ativistas mais radicais tentaram se aproximar da sede da Comissão Eleitoral Central (CEC) para denunciar a fraude, ação que terminou em mais de 100 detidos, segundo a organização 'A Outra Rússia'.

Enquanto isso, na segunda cidade russa, São Petersburgo, região de origem de Putin, cerca de 70 opositores, entre eles dois deputados locais do partido opositor Yabloko, foram detidos quando tentavam chegar ao Parlamento regional.


A oposição extraparlamentar tinha advertido que se nas eleições presidenciais fosse repetida a fraude das eleições parlamentares de dezembro, seria lançada uma campanha de desobediência civil com protestos indefinidos em escala nacional.

'Sairemos às ruas de Moscou e não vamos deixá-las', disse o advogado e blogueiro Alexei Navalni, o dirigente opositor mais popular.

O prefeito de Moscou, Sergei Sobianin, advertiu que não permitirá a repetição da Revolução Laranja de 2004 na Ucrânia, na qual os opositores acamparam em Kiev para denunciar a fraude até que conseguiram a repetição das eleições presidenciais.

Enquanto isso, a CEC não ouviu as críticas e confirmou nesta segunda-feira a vitória de Putin no primeiro turno das eleições presidenciais com 63,60% dos votos, claramente abaixo do resultado alcançado em 2004, quando assumiu pela última vez a Presidência e obteve 71,3%.

Putin, que já presidiu o Kremlin durante oito anos (2000-2008) e exercerá o cargo de presidente russo durante os próximos seis, alcançou o respaldo de 45.602.075 eleitores, mas não superou 50% em Moscou, celeiro dos protestos.

'Pedirei (ao presidente da CEC, Vladimir Chúrov) que investigue detalhadamente todas as possíveis infrações sobre o que vocês estão falando', disse Putin.

O presidente eleito fez estas declarações ao se reunir com três dos quatro candidatos que enfrentou no domingo: o multimilionário Mikhail Prokhorov, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski e o social-democrata Sergei Mironov.

O grande ausente foi o líder comunista e segundo candidato mais votado (17,18%), Gennady Ziugánov, que se negou a comparecer após afirmar na véspera que não reconheceu as eleições 'como limpas, justas e honestas'.

'Antes de mais nada, eu sou o menos interessado (que aconteçam irregularidades)', replicou Putin.

O ganhador das eleições, que foi felicitado antes do fim da apuração pelos líderes da Síria, Bashar al Assad, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, destacou que a instalação de câmeras nos colégios eleitorais tinha sido um mecanismo muito eficaz para garantir a limpeza da votação.

Por outro lado, o coordenador da missão de observadores da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) e da OSCE, Tonino Picula, afirmou que 'as eleições foram injustas, apesar de algumas inovações no sistema eleitoral'.

Putin, de 59 anos, deverá assumir o cargo de presidente da Federação da Rússia em maio das mãos de seu antecessor, Dmitri Medvedev, a quem proporá que seja chefe do Governo. 

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