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Oposição venezuelana vê reação de Maduro como "infantil"

"Me parece não somente exagerada, mas irresponsável a reação do Governo", afirmou o secretário-executivo adjunto da opositora (MUD), Ramón José Medina


	O presidente venezuelano Nicolás Maduro: Na opinião de Medina, a Venezuela é quem mais perderia se houvesse uma escalada da tensão e uma deterioração no comércio bilateral.
 (Juan Mabromata/AFP)

O presidente venezuelano Nicolás Maduro: Na opinião de Medina, a Venezuela é quem mais perderia se houvesse uma escalada da tensão e uma deterioração no comércio bilateral. (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2013 às 17h39.

Caracas - A oposição venezuelana qualificou nesta sexta-feira de "infantil" e "irresponsável" a reação do Governo de Nicolás Maduro após a reunião na quarta-feira entre o líder opositor Henrique Capriles e o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.

"Me parece não somente exagerada, mas irresponsável a reação do Governo. O que aconteceu foi uma reunião entre dois líderes políticos de dois países irmãos", afirmou à Agência Efe o secretário-executivo adjunto da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón José Medina.

As declarações de Medina coincidem com as formuladas pelo secretário-executivo da MUD, Ramón Guillhermo Aveledo, que em comunicado divulgado hoje tachou de "infantil" e "malcriada" a resposta de Maduro.

Para Medina, o Governo de Maduro "não pode desconhecer" que Capriles "representa mais da metade do país" e que com base nisso, é um "líder político de relevância na Venezuela e no continente".

O dirigente criticou as declarações formuladas na quinta-feira por Maduro ao denunciar que "todo o Estado colombiano se pôs de acordo" para derrubá-lo e que no país chegaram especialistas desde os Estados Unidos com um veneno mortal que pretendem usar contra ele.

"A declaração de Maduro ontem à noite claramente é a culminação deste processo em termos absolutamente inaceitáveis para a Colômbia e seu presidente pela maneira na qual o acusou em fatos que não existem", afirmou.


Medina acrescentou que a reação do Governo indica "seu cunho autoritário que não concebe espaços ou possibilidades democráticas para que possam desenvolver as relações entre países" e reflete "uma fragilidade política, uma fraqueza muito grande".

Medina qualificou, além disso, como um "chantagem" o anúncio do Governo de reconsiderar sua participação nas conversas entre Colômbia e as guerrilhas das Farc em represália pela reunião entre Santos e Capriles.

Na opinião de Medina, a Venezuela é quem mais perderia se houvesse uma escalada da tensão e uma deterioração no comércio bilateral, já que "é cada vez mais dependente das importações de diferentes países, entre eles dos colombianos".

A viagem de Capriles à Colômbia e sua reunião com Santos gerou uma irada reação do Governo venezuelano, que acusou o presidente colombiano de ter posto "uma bomba" na relação bilateral.

Maduro disse que perdeu a confiança em Santos e que por isso avalia toda a relação.

Capriles, que perdeu nas eleições presidenciais de 14 de abril frente a Maduro por uma diferença de pouco mais de 200 mil votos, desconhece a vitória de seu rival e impugnou o processo ao considerar que houve irregularidades, fato do qual o Supremo ainda não se pronunciou.


Medina indicou que a Mesa de Unidade Democrática está "fazendo solicitações a alguns países" da América Latina e Europa para que Capriles realize visitas "em breve", mas declinou precisar com quem poderia se reunir para evitar "reações contra países e presidentes amigos".

No comunicado, a MUD assinalou que "seguirá viajando" e "dizendo a verdade". "Têm o poder, mas não têm razão e nem dizem a verdade, por isso ninguém acredita no país", disse Aveledo em referência ao Governo.

"A Colômbia não tem nada que explicar, porque o que o seu Governo fez é normal e lógico", acrescentou Aveledo.

Capriles diz que com suas viagens procura levar à comunidade internacional "a voz" de seus milhões de seguidores. 

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