Síria: "Ao invés de ajuda para os civis, seu sofrimento aumentou" (Bassam Khabieh / Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2016 às 11h13.
Genebra A oposição síria rejeitou nesta terça-feira continuar nas negociações de paz auspiciadas pela ONU enquanto o povo sírio segue sofrendo pelo conflito armado e padecendo de fome nas áreas cercadas pelas forças governamentais.
O chefe da delegação que representa a oposição política e armada nestas negociações, Riad Hiyab, sustentou que a oposição espera que os países que têm influência no conflito sírio, especialmente Rússia e Estados Unidos, se reúnam em breve para "tomar medidas contra quem está assassinando o povo sírio".
A oposição síria comunicou ontem ao mediador da ONU, Staffan de Mistura, que interrompia sua participação "formal" nas conversas de paz por não observar progressos palpáveis no terreno humanitário e no respeito à trégua em vigor na Síria.
De Mistura precisou mais adiante que isto não significava que a oposição abandonava as negociações e que estas continuariam até sexta-feira, embora fora da sede da ONU, onde a delegação opositora se nega a comparecer.
No entanto, Hiyad negou hoje que seu grupo espere que o mediador faça um balanço da situação na sexta-feira e que, na realidade, "desde ontem" estão "fora deste processo".
O opositor sustentou que os avanços humanitários observados após a entrada em vigor da trégua, em 27 de fevereiro, se diluíram, que nenhum preso político foi libertado e que os sítios militares em torno de áreas civis não só se mantêm, mas se estenderam.
"Ao invés de ajuda para os civis, seu sofrimento aumentou. Se a ONU e os países (que apoiam as negociações) nem sequer puderam fazer entrar uma garrafa de leite em alguns lugares, como vão impulsionar uma transição política?", lamentou.
Por outro lado, Hiyab advertiu que a oposição não permitirá que as negociações de Genebra sirvam para a continuidade do regime do presidente de Bashar al-Assad.
"Não estamos aqui para reproduzir o regime de Al-Assad, mas para acabar com ele. Crer no contrário é pura ilusão", declarou em entrevista coletiva.
"Estamos aqui para nos dirigir para uma transição política, com um órgão de governo transitório com poderes plenos e sem a participação do maior criminoso, Assad, ou de seus próximos", garantiu.
"Esperamos que os Estados Unidos sigam entregando armas à oposição, que nosso amigo Estados Unidos nos siga apoiando", comentou.