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Oposição russa organiza nova manifestação após sucesso de sábado

Novo protesto ainda não tem data marcada; manifestantes criticaram detenção de um líder da oposição

Protestos na Rússia: nova manifestação deve ocorrer no início de janeiro (Kirill Kudryavtsev/AFP)

Protestos na Rússia: nova manifestação deve ocorrer no início de janeiro (Kirill Kudryavtsev/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 15h36.

Moscou - Uma parte da oposição russa se mobilizou nesta segunda-feira para manifestar seu apoio ao líder do movimento de extrema-esquerda, Sergueï Udaltsov, enquanto espera uma nova manifestação massiva e unitária em 2012 contra o regime de Vladimir Putin.

Uma centena de partidários de Sergueï Udaltsov e de outros líderes da oposição, como Alexeï Navalny e Garry Kasparov, reuniram-se em frente ao Tribunal Tverskoï de Moscou para apoiar o opositor que foi condenado no domingo a dez dias de prisão, constatou um jornalista da AFP.

"A única forma de resistência é uma greve de fome, mas isso coloca sua vida em risco (...) É arbitrariedade completa, um verdadeira tortura", declarou à imprensa Alexeï Navalny, famoso blogueiro anticorrupção. "Nosso objetivo é exigir sua libertação".

Sergueï Udaltsov, que lidera a Frente de Esquerda, foi condenado a dez dias de prisão por não cumprir a totalidade de uma pena de detenção imposta no mês de outubro por ter participado, no dia 4 de dezembro, de uma manifestação contra as eleições legislativas, que deram a vitória ao partido de Putin e que desencadearam um movimento de contestação sem precedentes na Rússia. Udaltsov fez uma greve de fome e de sede na prisão e foi hospitalizado várias vezes na última semana.

"As autoridades podem matá-lo se nós não o apoiarmos", declarou à AFP o opositor Ilia Iachine.

"O poder viola a lei de maneira grosseira e organiza uma morte lenta e premeditada", disse o ex-campeão do mundo de xadrez Garry Kasparov.

O tribunal anunciou no início da noite que examinará o pedido de soltura feito pelos advogados do militante.

Um pedido de autorização de manifestação foi depositado na prefeitura de Moscou para o dia 29 de dezembro.

Os opositores do regime de Putin não anunciaram a data da próxima manifestação unitária, só indicaram que ela deve acontecer após o período das festas na Rússia (1 a 10 de janeiro de 2012).


A imprensa russa ressaltou nesta segunda-feira que os slogans dos manifestantes de sábado visavam diretamente o primeiro-ministro Vladimir Putin, candidato na eleição presidencial de março de 2012.

O jornal Moskovski Komsomolets questionou a estratégia política que será adotada por esta oposição tão eclética, composta por movimentos e personalidades que vão da extrema-esquerda até a extrema-direita, passando por liberais, escritores e astros da televisão.

"Mas os organizadores não pensam nisso, ao contrário, eles insistem no caráter apolítico e civil das manifestações", escreveu o jornal.

Moskovski Komsomolets aconselha os críticos de Putin, cuja popularidade está em forte queda, a entrarem em um acordo e apoiarem um candidato para a eleição presidencial.

O poder minimizou a importância dos eventos do fim de semana. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, assegurou no domingo que a maioria dos russos apoia o sistema político atual.

Já o novo chefe da administração presidencial, Sergueï Ivanov, disse que a manifestação provou que as autoridades russas respeitam os direitos dos opositores.

"Estas manifestações mostram a existência da liberdade de expressão na Rússia", afirmou.

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