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Oposição exige informação sobre saúde de Chávez

Chávez não aparece em público desde que viajou a Cuba para uma cirurgia destinada a extrair um abscesso pélvico, em 10 de junho

Os títulos soberanos da Venezuela se valorizaram devido à crença dos investidores de que a doença de Chávez pode reduzir as incertezas políticas (Getty Images)

Os títulos soberanos da Venezuela se valorizaram devido à crença dos investidores de que a doença de Chávez pode reduzir as incertezas políticas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2011 às 19h13.

Caracas - A oposição venezuelana tornou-se na segunda-feira mais estridente em seus pedidos de informação a respeito da saúde do presidente Hugo Chávez, e os títulos da dívida pública registraram forte alta, refletindo as especulações de que o líder socialista estaria gravemente doente.

Chávez não aparece em público desde que viajou a Cuba para uma cirurgia destinada a extrair um abscesso pélvico, em 10 de junho.

O governo diz que ele está bem, mas alguns rivais acreditam que ele sofre de câncer de próstata, enquanto outros suspeitam que a ausência é uma estratégia para que ele regresse de forma triunfal à Venezuela a tempo de comandar uma cúpula regional que celebrará o bicentenário da independência nacional.

"Após 21 dias da ausência de Chávez, o país está piorando, e o governo permanece abissal", disse o ex-candidato a presidente Manuel Rosales em nota. "A nação precisa de uma mensagem clara que acabe com esta especulação nacional e internacional, e também o desconforto e a suspeita causados pelo misterioso silêncio."

A saga expõe o domínio que Chávez, um ex-militar de 56 anos, exerce sobre a cena política do país petroleiro, e também a falta de um sucessor óbvio.

Uma fonte governamental disse à Reuters que cirurgiões cubanos operaram o presidente antes que uma peritonite -- inflamação da cobertura abdominal, não fatal -- se instalasse, e que ele está se recuperando bem.

Já uma fonte norte-americana de segurança nacional disse que "é um problema sério, mas ele pode muito bem se recuperar."

Os títulos soberanos da Venezuela se valorizaram devido à crença dos investidores de que a doença de Chávez pode reduzir as incertezas políticas na Venezuela e ampliar as chances da oposição na eleição de 2012.


"Esse é potencialmente o grande negócio para 2012. Se você entrar nesse negócio você fecha seus P&L (prejuízos e lucros) pelo ano todo", disse Siobhan Morden, chefe de estratégia latino-americana da RBS.

Mas, em meio a rumores contraditórios, alguns especialistas alertam para os riscos da falta de informações específicas.

"Em termos do impacto sobre a dívida venezuelana, alguns veem a saúde de Chávez e a sua capacidade de disputar a reeleição como binárias, enquanto outros são mais cautelosos, inseguros sobre as implicações de um potencial vácuo de poder", afirmou um analista de Wall Street à Reuters.

Prazo

A próxima semana é vista pelos investidores como uma espécie de prazo: se Chávez irá ou não comandar a cúpula regional dos dias 5 e 6 de julho na ilha Margarita, coincidindo com o bicentenário da independência.

E alguns veem o silêncio como uma estratégia para chamar a atenção da mídia antes do evento. As únicas fotos divulgadas desde a cirurgia mostram Chávez em Havana, vestindo agasalho esportivo e ladeado pelos irmãos Fidel e Raúl Castro, respectivamente ex-presidente e presidente de Cuba.

Russ Dallen, chefe de operações da BBO Financial, em Caracas, lembrou que tanto Chávez quanto Fidel são "showmen" carismáticos que já desapareceram na esperança de que seus seguidores clamassem por seu regresso.

"Será que Chávez foi realmente operado? Provavelmente. Mas será que o governo dele e de Cuba não estariam tentando acobertar isso se houvesse realmente algo com que se preocupar, divulgando fitas e gravações de áudio previamente inéditas?"

Henrique Capriles Radonski, considerado o principal nome da oposição para enfrentar Chávez no ano que vem, disse à Reuters que também vê o sumiço chavista como uma manobra para lhe garantir um regresso triunfal antes da data cívica de 5 de julho.

"Eu o vejo voltando e dizendo que a mídia gringa o tomou como morto, e que a oposição venezuelana desejava sua morte. Pelo contrário, e digo isso como aspirante ao cargo", afirmou.

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