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Operadora de Fukushima quer mandar água radioativa tratada ao mar

A polêmica medida foi inicialmente respaldada pelo Governo japonês, mas ficou parada devido à firme oposição de pescadores da região

Fukushima: a operadora considera que a medida "não terá nenhum impacto" (Christopher Furlong/Getty Images)

Fukushima: a operadora considera que a medida "não terá nenhum impacto" (Christopher Furlong/Getty Images)

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EFE

Publicado em 14 de julho de 2017 às 11h07.

Tóquio - A operadora da acidentada central nuclear de Fukushima Daiichi considera que o despejo continuado ao mar de água contaminada procedente do local "não terá nenhum impacto" após retirar todos os elementos radioativos, menos o trítio, explicou à Agência Efe um porta-voz.

Esta polêmica medida foi inicialmente respaldada pelo Governo japonês, mas ficou parada devido à firme oposição das confrarias de pescadores da região, que consideram que os despejos poderiam impedir a recuperação de suas atividades, que foram gravemente prejudicadas pela catástrofe atômica.

"A TEPCO compartilha a mesma postura que o regulador nuclear nipônico e outros que consideram que de acordo com o regulamento atual e os padrões baseados nos conhecimentos científicos e técnicos, não deve haver impacto de liberar água tritiada no oceano", afirmou o porta-voz através de um e-mail.

A operadora de Fukushima, Tokyo Electric Power (TEPCO), apontou no entanto que não tomou uma decisão final sobre a medida à espera de "examinar o assunto cuidadosamente com o Governo e autoridades locais" enquanto leva em conta "a paz mental dos residentes".

Um dos problemas mais evidentes que a central enfrenta é o constante acúmulo de água altamente radiativa usada para a refrigeração dos reatores danificados, um líquido que é submetido a um processo para a retirada de todos os isótopos radiativos, com exceção do trítio e posteriormente é armazenado em tanques.

O trítio não é considerado perigoso para a saúde humana sob determinados umbrais que variam entre diferentes países e organismos internacionais e, segundo a TEPCO, outras centrais nucleares do país já realizam despejos ao mar com este elemento em pequenas quantidades de forma rotineira.

O painel governamental que supervisiona o desmantelamento de Fukushima Daiichi ainda deve dar sua autorização definitiva ao despejo de água com trítio ao mar, enquanto o organismo regulador nuclear nipônico (NRA) já teria dado sinal verde a esta medida, segundo a operadora da central.

Desde 2015, a TEPCO já realizou vários despejos pontuais de centenas de toneladas de água processada, com um volume de trítio de entre os 330 e os 600 becquerels por litro, abaixo dos 1,5 mil que a lei japonesa estabelece como limite para despejos.

A TEPCO e o painel governamental ventilavam outras opções para se desfazer da água contaminada com trítio - isótopo cuja vida média é de 12 anos - de forma permanente, ainda que estas tenham sido descartadas por seu excessivo custo econômico.

Entes como o Organismo Internacional da Energia Atômica (OIEA) consideram que os despejos controlados são uma prática aceitável em um contexto como este.

Por sua vez, o representante da confraria de pescadores locais Kanki Tachiya demonstrou sua oposição à iniciativa, e afirmou que o vazamento de água contaminada "criaria uma nova onda de rumores infundados e destruiria todos os nossos esforços por recuperar a pesca", em declarações à agência local "Kyodo".

Atualmente, mais de seis anos após a catástrofe nuclear, Fukushima Daiichi armazena algumas 777 mil toneladas de água processada e contaminada com trítio em 575 tanques dentro das instalações da central, quantidade que cresce diariamente em centenas de toneladas.

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