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ONU pede eleições na Síria em 18 meses

O principal obstáculo é o futuro do presidente al-Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar de cinco anos de guerra que deixaram mais de 270.000 mortos

Bashar al-Assad: o principal obstáculo é o futuro do presidente al-Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar de cinco anos de guerra que deixaram mais de 270.000 mortos (HO/AFP)
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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 15h11.

Genebra - As eleições presidenciais e legislativas na Síria devem ser realizadas em um prazo de 18 meses, declarou nesta sexta-feira o enviado especial da ONU , Staffan de Mistura, três dias antes da retomada das negociações indiretas entre o regime e a oposição em Genebra.

O Alto Comitê de Negociações (ACN), que reúne os principais grupos da oposição síria, anunciou nesta sexta que participará a partir de segunda-feira em Genebra nas negociações.

As negociações, previstas para a próxima semana sob a égide da ONU, serão as primeiras desde a entrada em vigor no dia 27 de fevereiro do acordo para um cessar das hostilidades impulsionado por Estados Unidos e Rússia.

Desde as primeiras negociações, que fracassaram em 2014, o principal obstáculo é o futuro do presidente Bashar al-Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar de cinco anos de guerra que deixaram mais de 270.000 mortos e milhões de deslocados.

Na agenda das negociações de paz em Genebra, que serão realizadas entre 14 e 24 de março, "haverá três pontos: um novo governo inclusivo, uma nova Constituição e novas eleições, que serão realizadas em um prazo de 18 meses a partir do início dos diálogos", declarou o funcionário em uma entrevista à agência russa Ria Novosti.

Salas separadas

As discussões vão acontecer em salas separadas com representantes do regime e da oposição.

Em um comunicado distribuído à imprensa, o ACN explica que participará nas negociações, sob os auspícios da ONU, com base em seu "engajamento de cooperar com os esforços internacionais, visando acabar com o derramamento de sangue e encontrar uma solução política" para o conflito na Síria.

O ACN indicou ainda que iria concentrar-se "na formação do governo de transição com plenos poderes executivos" e no qual o presidente Bashar al-Assad "não tem lugar".

Também nesta sexta, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu a De Mistura que inclua os curdos nas negociações. No entanto, o enviado da ONU disse que não pensava em convidar novos participantes.

As negociações anteriores, realizadas em fevereiro, foram interrompidas pela intensificação dos ataques aéreos russos na Síria, que permitiram o regime conquistar várias vitórias contra os rebeldes.

Estes últimos, já enfraquecidos, se viram marginalizados pelo fortalecimento dos jihadistas Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al Qaeda, que controlam metade do território sírio e que estão excluídos da trégua. Assim, os Estados Unidos e a Rússia continuam com seus bombardeios.

No terreno, no que é considerado uma violação da trégua em vigor, uma série de ataques da aviação do regime sírio contra um bairro rebelde da cidade de Aleppo, matou pelo menos cinco civis nesta sexta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

É a segunda vez em poucos dias, de acordo com o OSDH, que a força aérea do regime de Asad ataca setores rebeldes desta cidade no norte do país desde a entrada em vigor da trégua.

Este cessar-fogo também permitiu a realização de algumas pequenas manifestações contra o regime em bairros rebeldes.

Assim, cerca de 200 pessoas se manifestaram na cidade de Aleppo, gritando "o povo quer o fim do regime" ou "Bashar tem que partir", segundo um correspondente da AFP.

Também houve manifestações na província de Aleppo, Deraa (sul), nas províncias centrais de Homs e Hama e perto de Damasco.

A crise síria começou em 15 de março de 2011, quando, no contexto da Primavera Árabe, pequenas manifestações foram violentamente reprimidas pelo regime, que governa o país com mão de ferro há 45 anos, quando o pai do atual presidente, Hafez Assad, chegou ao poder.

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O Alto Comitê de Negociações (ACN), que reúne os principais grupos da oposição síria, anunciou nesta sexta que participará a partir de segunda-feira em Genebra nas negociações.

As negociações, previstas para a próxima semana sob a égide da ONU, serão as primeiras desde a entrada em vigor no dia 27 de fevereiro do acordo para um cessar das hostilidades impulsionado por Estados Unidos e Rússia.

Desde as primeiras negociações, que fracassaram em 2014, o principal obstáculo é o futuro do presidente Bashar al-Assad, que se recusa a deixar o poder, apesar de cinco anos de guerra que deixaram mais de 270.000 mortos e milhões de deslocados.

Na agenda das negociações de paz em Genebra, que serão realizadas entre 14 e 24 de março, "haverá três pontos: um novo governo inclusivo, uma nova Constituição e novas eleições, que serão realizadas em um prazo de 18 meses a partir do início dos diálogos", declarou o funcionário em uma entrevista à agência russa Ria Novosti.

Salas separadas

As discussões vão acontecer em salas separadas com representantes do regime e da oposição.

Em um comunicado distribuído à imprensa, o ACN explica que participará nas negociações, sob os auspícios da ONU, com base em seu "engajamento de cooperar com os esforços internacionais, visando acabar com o derramamento de sangue e encontrar uma solução política" para o conflito na Síria.

O ACN indicou ainda que iria concentrar-se "na formação do governo de transição com plenos poderes executivos" e no qual o presidente Bashar al-Assad "não tem lugar".

Também nesta sexta, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu a De Mistura que inclua os curdos nas negociações. No entanto, o enviado da ONU disse que não pensava em convidar novos participantes.

As negociações anteriores, realizadas em fevereiro, foram interrompidas pela intensificação dos ataques aéreos russos na Síria, que permitiram o regime conquistar várias vitórias contra os rebeldes.

Estes últimos, já enfraquecidos, se viram marginalizados pelo fortalecimento dos jihadistas Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al Qaeda, que controlam metade do território sírio e que estão excluídos da trégua. Assim, os Estados Unidos e a Rússia continuam com seus bombardeios.

No terreno, no que é considerado uma violação da trégua em vigor, uma série de ataques da aviação do regime sírio contra um bairro rebelde da cidade de Aleppo, matou pelo menos cinco civis nesta sexta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

É a segunda vez em poucos dias, de acordo com o OSDH, que a força aérea do regime de Asad ataca setores rebeldes desta cidade no norte do país desde a entrada em vigor da trégua.

Este cessar-fogo também permitiu a realização de algumas pequenas manifestações contra o regime em bairros rebeldes.

Assim, cerca de 200 pessoas se manifestaram na cidade de Aleppo, gritando "o povo quer o fim do regime" ou "Bashar tem que partir", segundo um correspondente da AFP.

Também houve manifestações na província de Aleppo, Deraa (sul), nas províncias centrais de Homs e Hama e perto de Damasco.

A crise síria começou em 15 de março de 2011, quando, no contexto da Primavera Árabe, pequenas manifestações foram violentamente reprimidas pelo regime, que governa o país com mão de ferro há 45 anos, quando o pai do atual presidente, Hafez Assad, chegou ao poder.

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