Michelle Bachelet: No próximo dia 11 de março, ela cederá a presidência do Chile pela segunda vez na história ao conservador Sebastián Piñera (Rodrigo Garrido/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de março de 2018 às 18h31.
Cidade do Panamá - A ONU Mulheres lamentou nesta quarta-feira que América Latina vá ficar sem mulheres presidentes nos próximos meses, já que a única chefe de Estado que resta atualmente na região, a chilena Michelle Bachelet, deixará o poder no próximo domingo.
"Tivemos um momento na região com quatro mulheres presidentes e nesta semana vamos perder a última delas", disse à Agência Efe a diretora regional adjunta da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Lara Blanco, em um evento do organismo na Cidade do Panamá.
No próximo dia 11 de março Bachelet cederá a presidência do Chile pela segunda vez na história ao conservador Sebastián Piñera, que governará o país até 2022.
Blanco lembrou que nos últimos anos sempre houve pelo menos uma mulher dirigindo um país latino-americano e que Bachelet coincidiu durante seus dois mandatos (2006-2010 e 2014-2018) com as ex-presidentes Laura Chinchilla (Costa Rica), Cristina Kirchner (Argentina) e Dilma Rousseff.
"É importante assinalar também quanta violência política se exerceu sobre estas mulheres que exerceram cargos públicos e lideraram países. O escrutínio para as mulheres é maior e usualmente temos que pagar preços mais altos", denunciou a diretora regional da ONU Mulheres.
Blanco reconheceu que a saída da última presidenta é um revés, mas que isso não significa que a liderança feminina esteja com os dias contados na região porque "cada vez há mais mulheres participando da política".
"As mulheres voltaremos a dirigir nossos países", garantiu a representante da ONU Mulheres após participar de um fórum sobre igualdade organizada pelo organismo internacional e o banco colombiano Banistmo.
"Estamos em um momento de muitos paradoxos. Enquanto, por um lado, aumentou a participação política das mulheres na nossa região, por outro lado também encontramos narrativas muito conservadoras e maiores resistências porque há muitos homens que têm muitos privilégios a perder", concluiu na capital panamenha a diretora regional adjunta da ONU Mulheres.