A Missão de Apuração dos Fatos das Nações Unidas na Venezuela disse nesta sexta-feira, 20, que o risco de desintegração do Estado de Direito no país “é muito alto”, após a piora da situação dos direitos humanos e a reativação “da máquina repressiva” do governo após as eleições de 28 de julho.
“Essas violações são o resultado de um plano concebido com antecedência e executado por meio de diferentes modalidades de repressão: um plano para desencorajar, silenciar e anular a oposição política e as vozes críticas ao governo do presidente Maduro ou aqueles que exigem transparência dos resultados eleitorais”, disse a presidente da Missão, Marta Valiñas, ao Conselho de Direitos Humanos.
A Missão apresentou seu último relatório hoje, no qual constatou que as recentes violações de direitos humanos que conseguiu documentar - como detenções arbitrárias, tortura e violência sexual - são uma continuação das violações que, no passado, ela considerou como crimes contra a humanidade.
Valiñas destacou que, durante a campanha eleitoral, entre 4 e 25 de julho, a Missão documentou 121 detenções de indivíduos que foram presos simplesmente por terem prestado serviços em eventos de campanha da oposição.
As prisões investigadas pela equipe da ONU foram arbitrárias e, em alguns casos, “seguidas de atos de tortura e desaparecimentos forçados de curta duração”.
Apesar dos avisos do governo sobre a possibilidade de um surto de violência se Maduro não vencesse as eleições, entre 29 e 31 de julho houve 915 protestos em todo o país, nos quais 25 pessoas foram confirmadas como mortas, todas elas - com uma exceção – a tiros, de acordo com o relatório.
“A Missão ainda não tem provas suficientes para atribuir responsabilidade nesses casos, mas em vários deles foi documentada a presença de membros da Guarda Nacional ou da Polícia Nacional usando armas de fogo para reprimir os protestos”, disse Valiñas.
A presidente da Missão falou que “uma série de métodos de tortura utilizados pelas forças de segurança ou pelos serviços de inteligência, como socos, golpes com tábuas de madeira ou com bastões envoltos em espuma, choques elétricos, asfixia com sacos plásticos”, entre outros, foram identificados.
Valiñas afirmou que a comunidade internacional “tem a grande responsabilidade de deter essa perseguição, para que as violações e os crimes que foram cometidos e que continuam sendo cometidos não fiquem impunes e para encorajar as vítimas, assegurando-lhes que poderão obter justiça”.
O embaixador da Venezuela na ONU em Genebra, Alexander Yáñez, rejeitou veementemente as alegações da Missão e afirmou que a onda de violência pós-eleitoral foi gerada “pela direita fascista da Venezuela”, que “usou gangues criminosas para atacar pessoas e queimar e destruir instituições públicas”.
“Esses não foram protestos pacíficos”, disse o diplomata, que conclamou os países a rejeitarem o relatório da Missão, que ele descreveu como uma ‘grotesca zombaria escrita’.
O representante do Equador na ONU, falando em nome de Argentina, Chile, Canadá, Paraguai, Guatemala, Uruguai e do próprio país, pediu ao governo da Venezuela que parasse com a repressão e lamentou “a falta de independência do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e da Suprema Corte de Justiça”.
O equatoriano pediu que os menores detidos fossem tratados de acordo com os padrões internacionais, solicitou uma “verificação imparcial dos resultados eleitorais” e pediu que o Conselho de Direitos Humanos renovasse o mandato da Missão de Apuração dos Fatos na Venezuela, que deve expirar em breve.
-
1/20
Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira
(Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira)
-
2/20
Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira
(Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira)
-
3/20
Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
-
4/20
Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.
(Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.)
-
5/20
Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
6/20
Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
7/20
Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
8/20
Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira
(Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira)
-
9/20
Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
10/20
Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
-
11/20
Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
12/20
Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
13/20
Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
14/20
Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.
(Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.)
-
15/20
Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
16/20
Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas..)
-
17/20
Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
-
18/20
Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
19/20
Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.
(Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.)
-
20/20
Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)