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ONU: crise de fome no Chifre da África vai ser longa

Estimativa inicial é que problema vai demorar pelo menos seis meses; entidade ainda não sabe quantas pessoas já morreram

Criança é alimentada no hospital Banadir, em Mogadiscio, na Somália (Mustafa Abdi/AFP)

Criança é alimentada no hospital Banadir, em Mogadiscio, na Somália (Mustafa Abdi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2011 às 13h22.

Genebra - A crise de fome que castiga centenas de milhares de pessoas no Chifre da África (Somália, Etiópia, Djibuti e Eritreia) por causa da seca e dos conflitos armados vai ser longa, afirmou nesta quinta-feira a subsecretária geral para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), Valerie Amos.

"Esta não vai ser uma crise curta. A ONU e seus membros esperam combater esta situação pelo menos durante os próximos seis meses", advertiu Amos em um discurso em Genebra.

A subsecretária deu as declarações durante uma reunião especial do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), convocada para abordar a situação humanitária na Somália e da qual também participou o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres.

A ONU, que nesta quarta-feira decretou a situação de crise de fome em duas regiões da Somália, não tem números concretos sobre a quantidade de mortos e fala em "dezenas de milhares de pessoas mortas e de centenas de milhares de pessoas que podem estar padecendo de fome", segundo a descrição de Amos.

"Se não atuarmos - acrescentou a responsável da Ocha -, esta crise de fome se estenderá ao resto do sul da Somália em dois meses, e seus efeitos podem se estender aos demais países da região".

A razão pela qual a ONU não pode precisar os números de afetados pela crise é porque não tem acesso a amplas áreas do centro e leste da Somália, especialmente as que estão sob o domínio da milícia islâmica de Al Sahab.

No entanto, sabe-se que no Chifre da África há 11,5 milhões de pessoas "que necessitam de assistência urgente": 3,7 milhões na Somália, 4,5 milhões na Etiópia, 2,4 milhões no Quênia, 150 mil em Djibuti "e potencialmente muitas mais na Eritreia", disse Amos.

"Esta é a pior crise alimentar no mundo e os números só pioram", disse a representante da ONU, que lamentou a falta de compromisso de muitos países.

"Pedimos US$ 1,9 bilhão para ajudar a Etiópia, Quênia e Somália, e dessa quantidade foi financiado menos da metade. Temos um rombo de US$ 1 bilhão", lamentou.

Amos explicou que desde junho foi possível fazer chegar alimentos a 324 mil pessoas, levados pela ONU e várias outras ONGs, mas considerou imprescindível que estas organizações possam atuar com garantias de segurança no interior da Somália para atenuar a catástrofe e frear de maneira eficaz o fluxo de refugiados.

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