OMS recomenda antirretroviral para gays contra HIV
Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde divulgou diretrizes que recomendam que gays tomem antirretrovirais como prevenção adicional contra HIV
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2014 às 10h06.
Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde ( OMS ) divulgou diretriz recomendando que homens homossexuais tomem medicamentos antirretrovirais como forma adicional de prevenção contra o vírus HIV, além do uso do preservativo.
Divulgado ontem, o informe afirma que "as taxas de infecção por HIV entre homens que fazem sexo com homens continuam altas em quase todos os lugares do mundo e novas opções de prevenção são necessárias com urgência".
A chamada profilaxia pré-exposição (PrEP) consiste no uso diário e contínuo de uma pílula que combina dois tipos de antirretrovirais e é indicada para a população não infectada, mas que tem maior risco de contágio. Ao serem utilizados, os medicamentos diminuem em até 92% o risco de o vírus entrar nas células. Segundo a OMS, caso fosse adotada, a PrEP diminuiria em até 25% a incidência global de HIV entre gays, evitando um milhão de novos casos entre essa população no período de dez anos.
De acordo com a agência, estudos mostram que homens que fazem sexo com homens têm 19 vezes mais risco de serem infectados pelo vírus do que a população em geral. O risco também é superior para profissionais do sexo (14 vezes), usuários de drogas injetáveis e transgêneros (50 vezes).
Ressalvas
Primeira-secretária da Sociedade Brasileira de Infectologia, a médica Mônica Jacques de Moraes apoia a recomendação da OMS como opção adicional de prevenção, mas defende que a PrEP não seja indicada para todos os homossexuais. "É indicado para quem tem comportamento de risco e que esteja disposto a aderir ao tratamento e tomar o medicamento diariamente para o resto da vida", diz a especialista.
Ela ressalta ainda que é necessário informar os interessados em utilizar a opção sobre os possíveis efeitos colaterais que os medicamentos podem causar. Embora não tenha a mesma combinação de remédios do tratamento administrado para os soropositivos, a PrEP reúne antirretrovirais que podem afetar a função renal e a formação dos ossos, por exemplo.
Outra preocupação de médicos e ativistas da área é de que a oferta da PrEP leve a um descuido com o uso do preservativo (mais informações nesta página).
Em estudo
A médica explica que o medicamento mais conhecido usado como PrEP é o que combina os componentes tenofovir e emtricitabina. Embora o produto já seja aprovado para fins de prevenção nos Estados Unidos, ele ainda é tema de estudos científicos no Brasil e não tem registro oficial junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Procurado ontem, o Ministério da Saúde informou que a inclusão da PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS) "está sendo avaliada por meio de duas pesquisas de campo".
De acordo com a pasta, os estudos vão acompanhar a oferta de medicamentos antirretrovirais a um grupo de 1,3 mil pessoas que não são portadoras de HIV, mas que apresentam riscos elevados de infecção. A estimativa é que os primeiros resultados das pesquisas e da possível oferta da PrEP sejam apresentados no ano que vem.
De acordo com o ministério, 350 mil brasileiros infectados pelo HIV recebem antirretrovirais pelo SUS atualmente.
A pasta afirmou ainda que, até o fim deste ano, serão investidos R$ 178 milhões em ações de vigilância, prevenção e controle de aids , outras DSTs e hepatites virais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.