Febre amarela: a imunização parcial é usada como uma medida pontual e de curto prazo à espera da chegada de mais medicamentos (Herculano Coroado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2016 às 13h31.
Genebra - O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas (SAGE) da Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu nesta sexta-feira que no caso de um surto epidêmico de febre amarela e da escassez de vacinas para tratar, seria possível usar um quinto da dose habitual para poder imunizar à população.
Atualmente, um surto de febre amarela atinge a Angola e a doença já se expandiu à República Democrática do Congo e à China.
A comunidade internacional já teve que usar as reservas da vacina contra esta doença e muitos temem que a escassez aumente com a consequente incapacidade de imunizar à população.
Para evitar um cenário ainda pior, os integrantes do SAGE se reuniram nas últimas horas e concluíram que é factível e seguro administrar um quinto da dose padrão da vacina e conseguir com que a pessoa se mantenha imunizada por pelo menos um ano.
A imunização parcial é usada como uma medida pontual e de curto prazo à espera da chegada de mais medicamentos, e não é uma proposta para os programas de imunização rotineiros.
"Temos vacinas suficientes nas reservas mundiais para poder fazer frente aos surtos atuais sempre e quando não expandam. No entanto, levando em conta a rapidez do contágio em Angola e o potencial descontrole em Kinshasa, a OMS está considerando seriamente o uso destas doses divididas através de amplas campanhas de vacinação para evitar a transmissão", disse o presidente do SAGE, Jon Abramson, citado em comunicado.
O grupo advertiu que não sabe se a dose fracionada será efetiva em crianças, que podem ter uma resposta imunológica menor.
O SAGE deixou claro que esta versão é recomenda exclusivamente nos casos de surtos e não para viajantes, que são exigidos ter a imunização completa antes de entrar em países endêmicos.
As quatro empresas farmacêuticas que produzem vacinas contra a febre amarela no mundo fabricam de 80 a 90 milhões de dose por ano. Até o momento, a OMS e seus parceiros enviaram 18 milhões de dose aos três países afetados para fazer frente aos surtos atuais.