Venezuela: a abertura do encontro foi marcada pelas declarações da chanceler venezuelana que acusou o secretário-geral de ser um "golpista" (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2016 às 10h49.
A Assembleia Geral da OEA discute nesta terça-feira a crise de orçamento da CIDH depois de ter manifestado apoio o diálogo na crise atual vivida pela Venezuela.
Apesar de não estar na agenda de discussões, a Venezuela esteve presente no discurso inaugural da 46ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) na noite de segunda.
O presidente da República Dominicana, país anfitrião, Danilo Medina, declarou sua preocupação pelo "momento que os venezuelanos estão passando" e "seu apoio sem reservas" a um diálogo entre o governo e a oposição.
No entanto, a abertura do encontro foi marcada pelas declarações da chanceler venezuelana, Delcy Rdorgíguez, que acusou o secretário-geral da OEA de ser um "golpista".
"Almagro é promotor de um golpe de Estado na Venezuela e age em favor dos fatores opositores que pretendem, pela via da violência, depor um governo constitucional", disse Rodríguez, em sua chegada à capital dominicana.
Em 31 de maio, Luis Almagro publicou um relatório devastador sobre a crise venezuelana e evocou a Carta Democrática para solicitar uma reunião urgente do Conselho Permanente para debater o assunto.
A reunião foi marcada para 23 de junho.
Pouco antes, o embaixador da Venezuela na OEA, Bernardo Álvarez, havia reiterado o repúdio ao pedido de criação de um corredor humanitário para a entrada de medicamentos que havia feito antes Adolfo Flores Padrón, um venezuelano de 25 anos que falou como representante da juventude.
O tema principal da agenda do encontro, no entanto, é a CIDH, órgão autônomo da OEA, que monitora a situação dos direitos humanos na região, e tenta superar uma grave crise financeira.
A CIDH teve que suspender missões de observação na região e corre o risco de não renovar os contratos de 40% de seu pessoal em Washington por falta de recursos.
Emilio Álvarez Icaza, secretário-executivo da CIDH, disse à AFP que Argentina, Chile, Colômbia, Canadá, México e Panamá já estão oferecendo apoio, enquanto o Chile o tinha confirmado há duas semanas.
Se estas ajudas se concretizarem durante a Assembleia Geral, a CIDH poderá "atender à contingência de curto prazo", mas terá que "gerar uma mudança estrutural que evite chegar a este tipo de situação" no futuro.
Em 2015, a CIDH gerenciou um orçamento de 9 milhões de dólares, US$ 5 milhões dos quais provenientes da OEA (6% de seu orçamento) e US$ 4 milhões restantes de contribuições de países e organismos.
Os diálogos de domingo e segunda-feira também foram marcados pela presença de organizações antiaborto e anti-gay, que acusam a comunidade LGBT e as organizações contra a violência de gênero de querer impor sua agenda à OEA.
A assembleia terminará com uma resolução sobre os direitos dos imigrantes, dos povos indígenas e afro-descendentes, da mulher e da comunidade LGBT.