Índia: os dois países são os primeiros a se juntarem à organização desde a sua fundação em 2001 (Allison Joyce/Getty Images)
EFE
Publicado em 9 de junho de 2017 às 12h01.
Astana - A Organização de Cooperação de Xangai (OCS) abriu nesta sexta-feira uma nova página em sua história com a entrada, como novos membros de pleno direito, de Índia e Paquistão, durante a cúpula realizada em Astana, no Cazaquistão.
Os dois países são os primeiros a se juntarem à organização desde a sua fundação em 2001 por Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão com o objetivo de cooperar em questões de segurança.
As duas potências nucleares - rivais históricos que se enfrentaram em três guerras desde 1948 - contam a partir de agora com um novo espaço para tratar suas diferenças, conforme destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres, que participou da reunião histórica.
O político português enfatizou que a OCS "está se transformando em um dos centros gravitacionais do mundo e em uma das bases da ordem mundial atual".
"A adesão dos novos membros impulsionará o desenvolvimento da organização", que, a partir de agora, ganhará em "relevância internacional", disse, por sua vez, o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, ao abrir a cúpula como anfitrião.
A OCS não está fechada para novas ampliações e o próximo candidato a se juntar à organização é o Irã, ainda que, como reconheceu a Rússia, o principal apoiador de Teerã, alguns membros da organização têm receios para a entrada desse país.
Nazarbayev - aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin - também defendeu a necessidade de que novos Estados sejam integrados na organização, ainda que o fez sem citar qualquer país concretamente.
"Os interesses fundamentais dos integrantes da OCS mostram a necessidade de aprofundar nossa cooperação em um formato maior que o de oito países. Só com esforços comuns podemos conseguir resultados notáveis em nossos objetivos", afirmou o presidente cazaque.
No futuro, o Afeganistão, que tem status de país observador da OCS na atualidade, assim como o Irã, também poderia se unir à organização regional, mas antes deverá resolver seu conflito interno.
"É óbvio que a aposta por uma solução militar para o conflito afegão não tem futuro. A Rússia, assim como todos os integrantes da OCS, defende uma solução política através de acordos entre os próprios afegãos", disse Putin em defesa de uma negociação entre o governo afegão e o movimento talibã.
A OCS, segundo o presidente russo, também deve cooperar com a ONU e novas organizações internacionais para combater o tráfico de drogas proveniente do Afeganistão.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, apoia "as estratégias da OCS na luta contra o terrorismo e o narcotráfico" e assegurou que "é possível reduzir de forma radical a presença (de grupos terroristas) no Afeganistão".
Além da Declaração Final de Astana, os líderes da OCS assinaram outros dez documentos, entre eles a Convenção de Luta contra o Extremismo e a Declaração de Luta Conjunta contra o Terrorismo Internacional.
Ao falar sobre a ameaça terrorista, Putin advertiu a seus colegas que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) está com seus olhos voltados para os países da Ásia Central e para as regiões do sul da Rússia.
"Nos países da OCS foram criadas e operam células clandestinas de combatentes do EI", disse Putin, que pediu um reforço na cooperação entre os serviços secretos dos países-membros.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou que a entrada de seu país "dará um novo impulso na luta contra o terrorismo na região", enquanto o chefe de governo do Paquistão, Nawaz Sharif, disse que as iniciativas antiterroristas da OCS ajudarão a "melhorar a segurança" em seu país.
A cúpula em Astana também marca o início da presidência rotatória da OCS da China, que acolherá em 2018 a próxima cúpula da organização.