O que se sabe sobre o ataque dos EUA à base aérea na Síria
Na noite de ontem, a base síria de Al Shayrat foi atacada por 59 mísseis lançados a partir dos navios americanos
AFP
Publicado em 7 de abril de 2017 às 10h10.
Última atualização em 7 de abril de 2017 às 13h12.
A base aérea síria de Al-Shayrat, alvo de um ataque americano de mísseis de cruzeiro, foi o ponto de decolagem dos aviões que lançaram um ataque químico atribuído ao regime de Damasco, segundo o Pentágono.
59 mísseis
A base de Al Shayrat, na província central de Homs, foi atacada às 00h40 GMT (21h40 de Brasília, quinta-feira) por 59 mísseis Tomahawk lançados a partir dos navios americanos USS Porter e USS Ross, que estavam no Mediterrâneo oriental.
De acordo com o Pentágono, os serviços de inteligência americanos determinaram que os aviões que lançaram o ataque químico contra a localidade de Khan Sheikhun haviam decolado a partir desta base.
A base era conhecida como lugar de armazenamento de armas químicas antes de 2013 e do desmantelamento do arsenal químico sírio, indicou o capitão Jeff Davis, porta-voz do Pentágono.
A agência oficial síria Sana informou que o ataque "provocou a morte de nove civis, entre eles quatro crianças, deixou sete feridos e ocasionou importantes destruições em casas das aldeias de Al Shayrat, Al Hamrat e Al Manzul", próximas à base.
A Sana não informou se este balanço inclui o relato de seis mortos fornecido pelas forças armadas sírias.
Aviões, hangares, radar
As primeiras avaliações do bombardeio mostram que ocorreram "grandes danos ou destruição de aviões" e de infraestruturas da base, "diminuindo a capacidade do governo sírio para realizar ataques".
Os mísseis Tomahawk estabeleceram como alvo principalmente "hangares aéreos reforçados", tanques de armazenamento de petróleo, munições, defesas antiaéreas e radares.
Mas a pista não foi atacada, declarou o capitão Davis, contrariando indicações fornecidas em um primeiro momento por um responsável americano.
O general H.R McMaster, conselheiro de segurança nacional do presidente Trump, afirmou que os americanos evitaram atacar o lugar "onde pensamos que gás sarin é armazenado".
"Não desejamos criar um risco para civis nem para ninguém", acrescentou.
Segundo o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, "o aeroporto foi quase totalmente destruído: os aviões, a pista, o depósito de combustível e as instalações de defesa aérea foram pulverizados".
Enquanto isso, o correspondente da rede de televisão Rossiia 24, Evgueni Poddoubni, que se dirigiu ao local, afirmou que "nove aviões sírios das Forças Armadas foram destruídos" pelo bombardeio americano.
Nas imagens é possível ver ao menos dois aviões intactos em seus hangares de concreto armado, enquanto escombros não identificáveis cobrem o solo. Também é possível ver o impacto de uma bomba que escureceu a pista de pouso, que ficou, no entanto, em bom estado.
Os russos informados
O capitão Davis indicou que "todas as precauções foram tomadas para executar o ataque com um mínimo de riscos" para os funcionários presentes na base e principalmente os russos que estavam ali.
O ataque "não tinha como alvo as pessoas", disse.
Segundo ele, os russos foram advertidos antes do ataque através de uma linha de comunicação especial instalada por militares americanos e russos desde o outono (boreal) de 2015 para evitar qualquer incidente aéreo entre seus aviões no céu sírio.
Ocorreram "múltiplas conversas" com os russos na quinta-feira através da linha especial, indicou. Afirmou que os militares americanos conheciam "o local preciso" da base utilizado pelos militares russos.
"Resposta proporcional"
O porta-voz americano deu a entender que não há a intenção de repetir o ataque.
"Foi uma resposta proporcional" ao ataque a Khan Sheikhun destinada a "dissuadir o regime de utilizar armas químicas novamente".
"Será decisão do regime se serão realizados outros (bombardeios), isso será decidido com base em seu comportamento futuro", acrescentou.