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NSA espionou mais pessoas comuns do que alvos no exterior

Segundo The Washington Post, nove em cada 10 pessoas não eram alvo de vigilância, mas ficaram presos na rede que a agência havia lançado visando outra pessoa


	Lupa: Informação baseia-se em análise de documentos fornecidos por Edward Snowden
 (Getty Images)

Lupa: Informação baseia-se em análise de documentos fornecidos por Edward Snowden (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2014 às 16h39.

A quantidade de comunicações eletrônicas de usuários comuns, incluindo americanos, reunidas pela Agência de Segurança Nacional (NSA), supera amplamente a de alvos de espionagem de fora dos Estados Unidos válidos para a instituição, informou o jornal The Washington Post no sábado.

O jornal baseou sua matéria em uma análise que realizou ao longo de quatro meses com dados eletrônicos interceptados pela NSA e fornecidos pelo ex-consultor desta agência, Edward Snowden.

Segundo o The Washington Post, nove em cada 10 titulares de contas da base de dados "não eram alvos de vigilância, mas ficaram presos na rede que a agência havia lançado visando outra pessoa".

Estas pessoas eram usuários comuns de internet, tanto nos Estados Unidos quanto em outros países.

O estudo se baseou em 160.000 e-mails e conversas de mensagens instantâneas, assim como em 7.900 documentos tomados de mais de 11.000 contas na internet, interceptados durante o primeiro mandato do presidente americano Barack Obama (2009-2012).

Quase metade dos arquivos obtidos "continham nomes, endereços de e-mails e outros detalhes que a NSA indicou como pertencentes a cidadãos americanos ou residentes" no país.

Ainda que a NSA tenha ocultado ou "minimizado" mais de 65.000 referências para proteger a privacidade dos americanos, o jornal encontrou outros 900 endereços de e-mail que não estavam ocultos e que poderiam estar associados a americanos ou residentes.

O The Washington Post também encontrou material que a NSA conservava e que seus analistas consideravam inútil. Citou, como exemplo, "histórias de amor e separações, relações sexuais ilícitas, crises mentais, conversões políticas e religiosas, ansiedade financeira e esperanças frustradas".

No entanto, alguns arquivos incluem "descobertas de certo valor para a inteligência".

Embora o jornal tenha decidido não divulgar muita informação "para não interferir nas operações em andamento", afirmou que inclui "revelações sobre um projeto nuclear, um acordo de jogo duplo com um aparente aliado, uma calamidade militar que ocorreu com uma potência inimiga e a identidade de intrusos perigosos em redes informáticas americanas".

Na semana passada o The Washington Post informou que todos os países, com exceção de quatro - Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia - eram considerados alvos válidos de espionagem pela NSA.

Esses quatro países formam parte do grupo "Five Eyes" (Cinco Olhos), com o qual os Estados Unidos mantêm relações de cooperação muito estreitas em matéria de inteligência.

Snowden, um ex-consultor da NSA de 30 anos, recebeu asilo temporário na Rússia em agosto do ano passado depois de abalar a inteligência americana com uma série de vazamentos sobre vigilância maciça realizada pela agência americana em seu país e resto do mundo.

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