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Nova lei alimentar da França elevará preços dos alimentos, dizem críticos

Lei deve provocar um aumento de preços de 1 a 10 por cento em mais de 3.000 itens

Novas regras: lei foi promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron para apaziguar agricultores (Plateresca/Thinkstock)

Novas regras: lei foi promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron para apaziguar agricultores (Plateresca/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 15h48.

Paris - O Parlamento da França aprovou nesta terça-feira, 2, uma lei "do campo ao garfo" para elevar a renda dos agricultores, melhorar a qualidade dos alimentos e combater o desperdício, mas opositores dizem que ela elevará os preços da comida e apenas irá beneficiar os varejistas.

A lei foi uma promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron para apaziguar os agricultores, um eleitorado grande e importante na França, que vinha se queixando há tempos das margens de lucro pequenas e das guerras de preços com os varejistas.

Um dos principais elementos da lei é regular os preços mínimos e limitar as promoções em supermercados.

O governo disse esperar que, aumentando as margens dos varejistas de um lado, estes aceitarão elevar o que pagam aos produtores do outro.

"É uma trapaça!", disse Michel-Édouard Leclerc, executivo-chefe da rede de supermercados Leclerc, a maior varejista de alimentos do país em fatia de mercado, ao diário Le Parisien na semana passada. "Não existe ligação com a renda dos agricultores".

Leclerc disse que a lei, que foi aprovada depois de mais de um ano de debates e conta com grande apoio de outras redes de supermercados, provocará um aumento de preços de 1 a 10 por cento em mais de 3.000 itens.

A maioria destes não são produtos agrícolas e muitas vezes sequer são produzidos na França, disse ele, citando Coca-Cola, Nescafé e Nutella como exemplos.

Ao invés de ajudar os agricultores a produzirem leite, ovos, carne, frutas e outros produtos primários, Leclerc argumentou que as medidas só aumentarão as margens de lucro dos grandes fabricantes e varejistas.

Sindicatos de agricultores saudaram a tentativa de limitar as guerras de preços, mas criticaram os parlamentares por não acertarem referências de preços que levem em conta os custos dos agricultores com contratos e possam servir como base para negociações ao longo da cadeia alimentar.

Ao invés de impor referências de preços, os parlamentares deixaram cada setor livre para decidir seu próprio sistema, e muitos deles não conseguem chegar a um acordo sobre qual referência levar em conta.

Entre outras medidas da lei "do campo ao garfo" estão uma proibição a garrafas de água de plástico em cantinas escolares, a canudos e mexedores de bebidas quentes de plástico, regras para o bem-estar dos animais e práticas ecologicamente corretas abrangentes.

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