Lacalle Pou: filho de ex-presidente, derrotado em 2014, conta com aumento da violência para chegar à vitória (Andres Cuenca/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 07h02.
Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 07h37.
São Paulo — Assim como seu vizinho de Rio da Prata, a Argentina, o Uruguai também pode ter uma guinada política após as eleições deste domingo.
O candidato presidencial da governista Frente Ampla (esquerda), Daniel Martínez, e o ex-senador do Partido Nacional (centro-direita) Luis Lacalle Pou disputarão a presidência do Uruguai no segundo turno. Martinez fez 38,6% das intenções de voto, ante 28,2% de Pou e 12% de Ernesto Talvi, do Partido Colorado, e 10,7% de Manini Rios, do Cabildo Abierto.
Talvi e Rios já anunciaram apoio a Pou no segundo turno, o que faz do segundo colocado o favorito a levar a presidência uruguaia, encerrando 15 anos de governo da Frente Ampla. Desde as eleições de 2014, o partido do atual presidente Tabaré Vázquez perdeu 15 pontos percentuais na urnas. A Frente Ampla também não terá maioria parlamentar — conquistou apenas 13 das 30 cadeiras do Senado, contra 10 do Partido Nacional, 4 do Colorado e 3 do Cabildo Abierto.
Nos últimos 15 anos o Uruguai cresceu acima da média do continente e aprovou pautas progressistas, como a liberação da maconha com controle governamental, que o levaram a ser escolhido o país do ano pela revista Economist, em 2013. Mas, nos últimos anos, uma crescente insatisfação com o aumento da violência e denúncias de corrupção levaram a quedas na aprovação do governo. Apesar de ter uma taxa de 12 assassinatos por 100 mil habitantes, metade da brasileira, o Uruguai tem visto um crescente aumento da criminalidade puxado pelo tráfico de drogas.
Junto com o voto presidencial, os eleitores uruguaios foram às urnas no domingo para votar num plebiscito que pedia endurecimento e apenas e dava mais autonomia para ações policiais. Até a pena de morte estava entre as medidas propostas.
Nenhum dos dois candidatos que foram ao segundo turno apoiaram o projeto, defendido de forma mais ferrenha por Talvi e Rios. No fim, o plebiscito foi aprovado por 46% dos eleitores, o que não foi suficiente para sua aprovação, mas deve fazer com que seja tema relevante nas mudanças de programa de Pou para abrigar as demandas dos eleitores de direita derrotados no primeiro turno.