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No Líbano, manifestantes invadem prédios do governo e ministros renunciam

Dois ministros do governo renunciaram em meio às consequências políticas da explosão, que matou ao menos 158 pessoas e feriu mais de 6.000

Líbano: Beirute registra o sgeundia dia consecutivo de protestos contra o governo (Goran Tomasevic/Reuters)

Líbano: Beirute registra o sgeundia dia consecutivo de protestos contra o governo (Goran Tomasevic/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de agosto de 2020 às 06h48.

Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 07h16.

A polícia libanesa lançou bombas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar manifestantes que jogavam pedras e bloqueavam uma via perto do Parlamento em Beirute neste domingo, em um segundo dia de protestos contra o governo desencadeados pela explosão devastadora da última terça-feira.

O fogo irrompeu em uma entrada para a Praça do Parlamento enquanto os manifestantes tentavam invadir uma área isolada, segundo imagens de TV. Os manifestantes também invadiram os escritórios de ministérios.

Dois ministros do governo renunciaram em meio às consequências políticas da explosão e meses de crise econômica, dizendo que o governo tinha fracassado com as reformas.

A enorme explosão de terça-feira matou 158 pessoas e feriu mais de 6.000, além de destruir partes da cidade, num momento de crise política e econômica, gerando furiosos apelos para que o governo renuncie.

Policiais da tropa de choque entraram em confronto com os manifestantes enquanto milhares de pessoas convergiam para a Praça do Parlamento e para a Praça dos Mártires, disse um correspondente da Reuters.

"Demos a esses líderes tantas chances de nos ajudar e eles sempre falharam. Queremos todos eles fora, especialmente o Hezbollah, porque é uma milícia e apenas intimida as pessoas com suas armas", disse Walid Ramal, um manifestante desempregado, referindo-se ao o grupo armado mais influente do país, apoiado pelo Irã, que tem ministros no governo.

O patriarca cristão maroteira, Fechara Noutros lacrai, disse que o gabinete deveria renunciar, uma vez que não pode "mudar a forma como governa".

"A renúncia de um parlamentar ou ministro não é suficiente... todo o governo deveria renunciar, pois não é capaz de ajudar o país a se recuperar", afirmou em seu sermão de domingo.

O ministro do Meio Ambiente renunciou no domingo, afirmando em um comunicado que o governo perdeu várias oportunidades para reformas.

A saída de Radianos Matutar se deu na seqüência da renúncia mais cedo da ministra da Informação, Mana Abel Sambado.

A raiva transbordou para cenas violentas no centro de Beirute no sábado. Esses protestos foram os maiores desde outubro, quando milhares de pessoas foram às ruas para exigir o fim da corrupção e da má governanta.

Cerca de 10.000 pessoas se reuniram na Praça dos Mártires, que foi transformada em uma zona de batalha à noite entre a polícia e os manifestantes, que tentaram romper uma barreira ao longo de uma via que leva ao Parlamento. Alguns manifestantes invadiram ministérios do governo e a Associação de Bancos Libaneses.

Um policial foi morto e a Cruz Vermelha disse que mais de 170 pessoas ficaram feridas.

"A polícia atirou em mim. Mas isso não nos impedirá de protestar até que mudemos o governo de cima a baixo", disse Younis Flautim, 55, um oficial aposentado do Exército, no domingo.

Perto dele, o mecânico Subir Javali estava sentado ao lado de um laço pendurado em uma moldura de madeira na Praça dos Mártires, com a intenção de ser um aviso simbólico aos líderes libaneses para renunciarem ou enfrentarem o enforcamento.

"Todo líder que nos oprime deve ser enforcado", disse ele, acrescentando que protestará novamente.

Uma conferência de emergência de doadores realizada neste domingo para ajudar o Líbano após a explosão devastadora em Beirute resultou em promessas no valor de quase 253 milhões de duros em apoio humanitário imediato, informou a Presidência francesa.

O primeiro-ministro e a Presidência disseram que 2.750 toneladas de nitrato de amônia altamente explosivo, usado na fabricação de fertilizantes e bombas, foram armazenadas por seis anos sem medidas de segurança no depósito do porto.

O governo diz que punirá os responsáveis.

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