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Nicarágua: Ortega mobiliza partidários em meio à nova greve geral

A segunda greve geral começou nesta sexta-feira (13) para exigir a saída do presidente Daniel Ortega

O presidente mobilizou seus aliados pra uma marcha durante a segunda greve geral (Oswaldo Rivas/Reuters)

O presidente mobilizou seus aliados pra uma marcha durante a segunda greve geral (Oswaldo Rivas/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de julho de 2018 às 14h32.

Última atualização em 13 de julho de 2018 às 18h46.

Ônibus e ruas vazias, lojas fechadas: a Nicarágua acordou paralisada nesta sexta-feira (13), em meio à greve geral decretada pela oposição para exigir a saída do presidente Daniel Ortega, que, em resposta, mobiliza seus partidários para marcharem até Masaya, a cidade mais rebelde do país.

Esta segunda greve geral de 24 horas começou na madrugada desta sexta, à 0h00 local (3h no horário de Brasília), convocada pela Aliança Cívica para a Democracia e a Justiça, coalizão da oposição que inclui setores da sociedade civil. Um primeiro movimento social idêntico bloqueou o país em 14 de junho.

"Esvaziamos as ruas para mostrar que não queremos mais repressão e que queremos que eles vão embora", lançou a oposição no início da mobilização, referindo-se ao casal presidencial Daniel Ortega e Rosario Murillo, que além de primeira-dama também é vice-presidente.

Segundo a oposição, a greve tem 90% de adesão, mas a mídia estatal indica normalidade em algumas zonas de comércio. No Mercado Oriental, o maior - de aproximadamente 20.000 estabelecimentos -, está escuro e praticamente fechado.

A greve faz parte de uma série de ações de três dias lançada pelo campo anti-Ortega para reforçar a pressão sobre o governo.

Na véspera, um mar azul e branco - as cores da Nicarágua - invadiu as ruas da capital e de outras cidades. Confrontos durante uma marcha a Morrito, no sudeste do país, deixaram cinco mortos: quatro policiais e um manifestante.

No sábado, uma carreata da oposição deve percorrer bairros da capital, onde a Polícia e grupos paramilitares lançaram violentas operações para acabar com as barricadas dos manifestantes.

Os adversários de Ortega pedem justiça, eleições antecipadas, ou a saída do presidente, acusado de repressão durante os protestos e de ter instaurado, com sua mulher, uma "ditadura" marcada pela corrupção e pelo nepotismo.

O país mais pobre da América Central registra manifestações de amplitude histórica contra Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de 72 anos. Ortega está no poder desde 2007, depois de uma passagem de 1979 a 1990. Segundo a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), pelo menos 264 pessoas morreram desde 18 de abril.

"Marcha rumo à vitória"

Em plena greve geral, Ortega deve empreender, nesta sexta, uma marcha em memória da revolução sandinista de 1979, rumo a Masaya, a cerca de 30 quilômetros de Manágua.

O "repliegue" ("recuo", em tradução livre), nome que remonta ao histórico episódio, aconteceu em 27 de junho de 1979. Nessa data, milhares de guerrilheiros de Manágua se entrincheiraram em Masaya para reunir forças para derrubar o ditador Anastasio Somoza.

"A marcha para a vitória não para", convocou Rosario Murillo, mobilizando os fiéis da Frente Sandinista da Libertação Nacional (FSLN, de esquerda), o partido da situação.

Masaya, bairro indígena de Monimbo, está em alerta.

"Não ao recuo", "não nos entregaremos jamais", "Monimbo resiste hoje, amanhã e sempre", lê-se nos muros e nas barricadas.

Diante do agravamento da situação, a Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma sessão extraordinária sobre a Nicarágua nesta sexta.

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