Exame Logo

Negociações de paz para Síria terminam com mecanismo para trégua

Essa decisão abre caminho para o reatamento das negociações políticas em 8 de fevereiro, em Genebra

Síria: a Frente da Conquista do Levante e o EI estão excluídos do cessar-fogo, vigente na Síria desde 30 de dezembro (Reuters)
E

EFE

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 20h20.

Astana - As conversas entre o governo sírio e a oposição terminaram nesta terça-feira em Astana com a consolidação do cessar-fogo ao estabelecer um mecanismo para sua supervisão, o que abre caminho para o reatamento das negociações políticas em 8 de fevereiro, em Genebra.

"Foi decidida a criação de um mecanismo trilateral que supervisionará o pleno cumprimento do cessar-fogo e evitará as provocações", disse à imprensa o ministro das Relações Exteriores do Cazaquistão, Kairat Abdrajmenov, anfitrião do evento.

Veja também

O ministro cazaque, que leu o comunicado final assinado por Rússia, Irã e Turquia, ressaltou que estes três países se comprometeram a combater o Estado Islâmico (EI) e a Frente da Conquista do Levante (antiga Frente al Nusra), além de prosseguir com seus esforços para separar a oposição síria dos grupos terroristas.

A Frente da Conquista do Levante e o EI estão excluídos do cessar-fogo, vigente na Síria desde 30 de dezembro.

Ao término dos dois dias de negociações, Bashar al Jaafari, chefe da delegação do governo, disse em entrevista coletiva que o exército sírio continuará com suas operações na cidade de Ain Al Fiya, situada no estratégico vale do rio Barada, que abastece Damasco.

Al Jaafari, embaixador da Síria na ONU, denunciou que a Frente da Conquista do Levante, ex-filial da Al Qaeda, opera nessa região e cortou o fornecimento de água para 7 milhões de pessoas que vivem na capital síria há 41 dias.

Por outro lado, Esam al Rais, porta-voz da frente sul do Exército Livre Sírio (ELS), que liderou a oposição nas conversas de Astana, disse à Agência Efe que a Frente da Conquista do Levante não está presente no Vale de Barada, ao noroeste de Damasco.

"Se confirmarmos aos russos e pedirmos que supervisionem a região e enviarem representantes para inspecioná-la, lhes daremos as boas-vindas" acrescentou.

Al Rais explicou que em Ain al Fiya há apenas duas brigadas do ELS - Seif al-Sham e Livres de Sham -, que são dos "filhos" do vale de Barada, e acrescentou que antes havia quase 50 líderes do Al Nusra, mas que já abandonaram a região.

"Mas o regime diz que estão lá como pretexto para poder continuar no derramamento de sangue, que é o que lhe permite seguir no poder", afirmou.

Em seu comunicado conjunto, Teerã, Moscou e Ancara apoiaram a nova rodada de Genebra, promovida pela ONU, e respaldaram a participação da oposição nas negociações.

O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, exaltou nesta terça-feira a "coragem política" do regime de Bashar al Assad e da oposição síria por se sentarem à mesma mesa de negociações em Astana, em referência à sessão inaugural, que foi seguida de conversas indiretas entre as delegações.

"Precisamos do cessar-fogo. Já houve dois e este é o terceiro. Não podemos colocá-lo a perder", ressaltou De Mistura, que lembrou que o objetivo da reunião em Astana era exatamente "consolidar a trégua".

Na Síria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 301.781 pessoas morreram e mais de dois milhões ficaram feridas desde o início do conflito, em março de 2011.

Esta é a primeira vez que Astana acolhe uma rodada de negociações entre a oposição e o governo sírio, embora já tenha sediado três rodadas de conversas de paz em Genebra, entre 2012 e 2016, sem que se chegasse a uma solução para a crise. EFE

Acompanhe tudo sobre:CazaquistãoSíria

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame