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Negociações de paz para Síria superam perigosos empecilhos

Pela primeira vez, representantes do governo sírio e da oposição estarão tête-à-tête, depois de lançarem ataques mútuos e governo ameaçar deixar Genebra


	Representante especial da ONU, Lakhdar Brahimi: decisão mais significativa do dia, anunciada por Brahimi, foi que delegações aceitaram se reunir amanhã na mesma sala
 (Larry Downing/Reuters)

Representante especial da ONU, Lakhdar Brahimi: decisão mais significativa do dia, anunciada por Brahimi, foi que delegações aceitaram se reunir amanhã na mesma sala (Larry Downing/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 17h36.

Genebra - As negociações de paz entre o governo sírio e a oposição superaram o primeiro dia, esta sexta-feira, marcado por ataques mútuos, ameaças de abandono do processo recém lançado e rumores que a ruptura era iminente, o que foi descartado no final da tarde pelo mediador Lakhdar Brahimi.

A decisão mais significativa do dia, anunciada por Brahimi em entrevista coletiva, foi que as delegações aceitaram se reunir amanhã na mesma sala.

Pela primeira vez, representantes do governo sírio e da oposição, representada nestas negociações pela Coalizão Nacional Síria (CNFROS), estarão tête-à-tête, depois de lançarem ao longo de hoje ataques mútuos e a delegação do governo ter ameaçado inclusive deixar Genebra.

O ministro de Relações Exteriores da Síria, Walif al Maulem, disse essa poderia ser a decisão de sua delegação se a oposição não aceitasse entrar em "discussões sérias".

A ameaça de crise se deveu às reuniões que Brahimi teve com as equipes negociadoras se organizarem separadamente, uma de manhã, com os representes do regime de Bashar al Assad, e outra à tarde, com os enviados da CNFROS.

Maulem tentou convencer, em diferentes declarações dadas à imprensa de seu país, que sua delegação tinha chegado a Genebra disposta ao diálogo e a resolver questões essenciais com a oposição, que justo hoje designou seu negociador-chefe, Hadi al Bahra.

O presidente da CNFROS, Ahmed Yarba, se posicionou diante das ameaças e publicou uma declaração em que afirmou que a coalizão se mantinha firme nas negociações.

O governo dos Estados Unidos também se apressou em desmentir a ruptura dos contatos, após lembrar que este é apenas o início do processo e que hoje mostrou que "haverá muitos altos e baixos conforme as conversas avancem".


Fontes próximas ao processo disseram que o governo sírio, particularmente o ministro Maulem, se incomodaram com a direção das negociações por parte da oposição fosse delegada a um membro da coalizão que, apesar de ser da cúpula, não é um de seus maiores líderes.

O mediador, no entanto, buscou, pela imprensa, sanar as dúvidas e garantiu que "ninguém" sairá das negociações no fim de semana e até adiantou que elas durarão até o fim de semana seguinte.

Durante as conversas de hoje não foram abordados cenários, esclareceu Brahimi, pois está pendente definir questões práticas (formato de negociações, de abordar os temas e prazos, por exemplo) "que tornarão mais fáceis as discussões posteriores".

Uma vez resolvidas as questões práticas, o acesso da ajuda humanitária, particularmente das zonas sitiadas, será um dos pontos prioritários na agenda.

"Vamos falar de acesso humanitário, de terminar a violência, mas, de novo, falar disto não significa que o vamos resolver", advertiu o mediador.

Perguntado sobre se um eventual fracasso das negociações o levaria a renunciar ao cargo de mediador - que recebeu da ONU e da Liga Árabe, Brahimi excluiu essa possibilidade.

"Quando alguém tem trabalho como o meu não falamos de renunciar antes de começar a fazê-lo. Faremos todo o possível por alcançá-lo e para isso estamos trabalhando", declarou.

Vários jornalistas sírios perguntaram a Brahimi sobre como pode esperar que estas negociações resolvam o problema do terrorismo no país, e o mediador respondeu que o sucesso destas negociações implicará salvar a Síria também do terrorismo.

A posição do governo sírio é que a atual situação da Síria não foi uma revolução transformada em luta armada, mas todos os grupos armados opositores são simplesmente terroristas responsáveis da violência e que este é o problema que deve ser resolvido.

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