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Negociações de paz para a Síria são retomadas com acusações

A primeira reunião do dia foi entre o mediador do processo, Lakhdar Brahimi, e a delegação opositora, que acusou o governo de estar fazendo o grupo perder tempo


	Lakhdar Brahimi: um claro sinal que nada de positivo havia para ser dito das reuniões de hoje foi que o mediador cancelou a entrevista coletiva marcada 
 (Denis Balibouse/Reuters)

Lakhdar Brahimi: um claro sinal que nada de positivo havia para ser dito das reuniões de hoje foi que o mediador cancelou a entrevista coletiva marcada  (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 17h02.

Genebra - As negociações de paz para a Síria foram retomadas nesta segunda-feira, após nove dias de recesso, com as delegações do governo e da oposição acusando-se de falta de vontade de chegar a um acordo, enquanto uma nova retirada de civis em Homs reacendeu as esperanças de progressos humanitários.

A primeira reunião do dia foi entre o mediador do processo, Lakhdar Brahimi, e a delegação opositora, que acusou o governo de estar fazendo o grupo perder tempo, e de ter sido o único responsável pela violação da trégua humanitária do fim de semana em Homs.

A resposta da delegação do regime não demorou. Na saída da reunião seguinte com o mediador devolveu exatamente as mesmas acusações à oposição.

Um claro sinal que nada de positivo havia para ser dito das reuniões de hoje foi que Brahimi cancelou a entrevista coletiva marcada e que mantinha sua rotina de comparecimento público diário da primeira rodada negociadora.

O barulho das recriminações antecipou que as dificuldades serão intensificadas nos próximos dias.

Isto explica que hoje Brahimi tenha decidido começar as reuniões individuais com cada delegação, fazer as conversas separadamente e verificar se os grupos estão dispostos a alguma rápida concessão para fixar a agenda de negociações.

Pelo menos, aparentemente, tanto oposição quanto governo mantiveram suas posições iniciais sobre os temas que devem receber prioridade. Questão sobre a qual divergem completamente.


A oposição exige que se fale primeiro da formação de um órgão de governo temporário que dirija a transição política na Síria. Já a delegação do regime do presidente Bashar al-Assad diz que o primeiro ponto deve ser a cessação da violência dos grupos armados, que considera em seu conjunto como "terroristas".

Ambos são dois dos três pontos da agenda que colocados hoje por Brahimi e aos que este acrescentou as questões humanitárias, segundo disseram fontes opositoras.

Além de ter como objetivo central a saída de al-Assad do poder, a aceitação por parte da delegação opositora de começar a negociar um alto à violência armada na Síria evidenciaria sua maior fraqueza: a falta de autoridade e controle sobre os grupos combatentes no território.

Após vários rumores que a delegação da oposição - representada neste processo de paz pela Coalizão Nacional Síria (CNFROS) - tinha ampliado e incorporava, desta vez, representantes de diferentes grupos rebeldes, um porta-voz opositor confirmou à Agência Efe que a única entidade armada representada é o Exército Livre da Síria (ELS).

A novidade é que, em vez de ter um só representante, agora tem quatro de diferentes brigadas.

Eles não participam necessariamente das reuniões com Brahimi, mas formam uma "equipe de apoio" que é convocada quando necessário, esclareceu Mohammed Alakazam, porta-voz da Coalizão.

Ciente da dificuldade que será chegar a um resultado concreto depois desta rodada, prevista para uma semana, a equipe de Brahimi confirmou hoje que o mediador convocou os "números dois" da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia para impulsionar as negociações.

Washington e Moscou entraram neste processo diplomático ao adotar, em junho de 2012, o chamado "Comunicado de Genebra", que agora serve de roteiro para o processo. As partes se reunirão na próxima sexta-feira, em Genebra. 

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