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9 semanas após eleição, Itália segue no limbo político

O movimento 5 Estrelas pediu ao presidente italiano "mais alguns dias" para finalizar um acordo de coalizão com o partido de extrema direita Liga

Movimento 5 Estrelas da Itália pediu ao presidente italiano "mais alguns dias" para finalizar um acordo de governo de coalizão com o partido de extrema direita Liga (Max Rossi/Reuters)

Movimento 5 Estrelas da Itália pediu ao presidente italiano "mais alguns dias" para finalizar um acordo de governo de coalizão com o partido de extrema direita Liga (Max Rossi/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de maio de 2018 às 14h32.

Última atualização em 14 de maio de 2018 às 14h47.

O Movimento 5 Estrelas (M5E) solicitou nesta segunda-feira (14) alguns dias a mais para formar um governo de coalizão com outro partido antissistema, a Liga, em razão da falta de consenso sobre os detalhes do programa e seu futuro chefe.

"Pedimos ao presidente da República tempo para acabar o contrato de governo. Estes próximos dias serão fundamentais", declarou o líder do M5E, Luigi Di Maio, à imprensa, ao sair de uma reunião com Sergio Mattarella.

"Como estamos escrevendo o que será o programa de governo para os próximos cinco anos, é importante para nós terminá-lo bem e, por isso, pedimos mais uns dias", declarou Di Maio.

A síntese não é fácil entre a Liga, formação nacionalista e de extrema-direita, que obteve muitos votos no Norte com a promessa de maciças reduções de impostos, e o M5E, mais ambivalente sobre a União Europeia (UE) e apoiado pelo Sul por ter prometido uma renda cidadã.

Após intensas negociações em Milão (norte), os chefes e colaboradores de ambos os movimentos anunciaram terem chegado a um acordo no domingo à noite.

Dúvidas persistem, porém, em particular sobre quem será o futuro chefe de governo.

​​Matteo Salvini, o dirigente xenófobo que transformou a Liga em uma força nacionalista, assegurou por sua vez que o M5E e seu partido ainda precisam acertar alguns pontos importantes antes de concluir um acordo de governo.

Ele falou de "visões distintas em alguns pontos importantes como as infraestruturas" e em temas como a imigração e a UE.

Já o nome do candidato a primeiro-ministro é mantido em sigilo.

Di Maio explicou à imprensa que havia combinado com Salvini não mencionar nenhum nome antes de discutir com o presidente, que deve aprovar e designar o primeiro-ministro.

Ele reiterou, no entanto, que o "contrato de governo" seria submetido ao voto pela internet dos militantes do M5E, segundo um procedimento clássico deste movimento que nasceu em 2009.

Para os principais jornais do país, La Repubblica e Il Corriere della Sera, bastante críticos a respeito das duas forças, os dois líderes não conseguiram chegar a um acordo sobre a questão, já que desejam uma personalidade "política e não técnica", como afirmou Di Maio no domingo, após várias horas de negociações em Milão com Salvini e os principais assessores dos dois partidos.

A imprensa citou vários nomes, incluindo algumas personalidades que poderiam defender na União Europeia (UE) o tom eurocético do futuro Executivo.

Na lista aparecem os nomes do economista Guido Tabellini, da diplomata Elisabetta Belloni, do professor Michele Geraci, do ex-diplomata Giampiero Massolo, do reitor da Universidade de Milão e do parlamentar do M5E Gianluca Vago, todos relativamente desconhecidos.

O acordo para o novo governo é uma complexa síntese entre a extrema-direita e xenófoba Liga, partido nacionalista ligado à Frente Nacional francesa, que conquistou o próspero e desenvolvido norte com a promessa de grandes cortes de impostos, e o partido antissistema M5E, sensível aos problemas sociais do sul pobre da península, que prometeu um salário cidadão e que tem discurso ambivalente a respeito da União Europeia.

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