Mundo consegue frear avanço da aids, diz ONU
Dados publicados nesta terça-feira pela Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que 15 milhões de pessoas estão recebendo os coquetéis de combate ao vírus
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2015 às 09h48.
Genebra - A meta que chegou a parecer um sonho há 15 anos - frear e começar a reverter a incidência da aids no mundo - foi atingida.
Dados publicados nesta terça-feira, 14, pela Organização das Nações Unidas ( ONU ) revelam que 15 milhões de pessoas estão recebendo os coquetéis de combate ao vírus e que o objetivo de acabar com a doença até 2030 pode ser considerada "realista" se investimentos forem feitos.
No ano 2000, a ONU estabeleceu como uma das Metas do Milênio frear e reverter a aids no mundo, objetivo que chegou a ser ridicularizado por líderes e mesmo empresas do setor.
Em 2015, os dados apontam que as novas infecções caíram em 35% e as mortes foram reduzidas em 41% em 15 anos. A resposta global ainda evitou 30 milhões de novos casos e 8 milhões de mortes. "O mundo conseguiu parar e reverter a epidemia da aids", disse Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. "Agora precisamos nos comprometer a acabar com a epidemia."
Os estudos da ONU revelam que o investimento no combate à doença foi um dos mais produtivos em gerações. O levantamento também indica que o mundo está no caminho para atingir a meta de ter US$ 22 bilhões por ano para essa luta.
"Há 15 anos, existia uma conspiração do silêncio. A aids era uma doença 'dos outros' e o tratamento era apenas para os ricos", disse Michel Sidibe, diretor executivo da Unaids, o programa da ONU contra a aids. "Provamos que isso era errado e hoje temos 15 milhões sob tratamento", disse. Para ele, quando a meta foi estabelecida, muitos a achavam que seria "impossível".
Naquele momento, 8,5 mil novos casos eram registrados por dia. Desde então, as infecções caíram de 3,1 milhões para 2 milhões por ano, uma redução de 35%.
Se nada tivesse sido feito, esse número teria chegado a 6 milhões em 2014. Ao todo, 83 países - que representam 83% dos casos - frearam ou reverteram a contaminação, incluindo Índia, Quênia, África do Sul e Zimbábue.
Por ano, 520 mil crianças estavam sendo afetadas em 2000. Hoje, essa taxa caiu em 58%.
"Em 2000, a aids era um sentença de morte", diz a ONU, com 4,3 mil mortes diárias - ou 1,6 milhão de mortes anuais. Hoje, essa taxa caiu para 1,2 milhão de mortes por ano. Hoje, 36,9 milhões de pessoas vivem com o vírus no mundo.
Alerta
Apesar dos resultados divulgados, nem todos compartilham do mesmo otimismo. Para a entidade Médicos sem Fronteiras, atingir 15 milhões de pessoas, de fato, é um "feito importante". "Mas não podemos perder de vista que mais da metade das pessoas que vivem com aids continuam sem acesso ao tratamento", disse a entidade.
Segundo Sharonann Lynch, representante da entidade, "certos países contam com uma cobertura de apenas 17% dos pacientes". Ela ainda critica o fato de que os doadores têm sugerido a redução de recursos para o combate à aids em países em desenvolvimento. "Temos de usar essa oportunidade para dar um golpe na epidemia. Ou corremos o risco de perder o que ganhamos e voltar às mesmas taxas de infecção do passado", alertou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.