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Mundo árabe comemora fim do Ramadã marcado pela tensão

Este ano, mês de jejum muçulmano perdeu espírito de festa devido à tensão e aos conflitos políticos que sacudiram a região

Muçulmanos durante Ramadã: mês chegou ao fim com o desejo de que no próximo ano o mês de jejum seja mais tranquilo (Murad Sezer/Reuters)

Muçulmanos durante Ramadã: mês chegou ao fim com o desejo de que no próximo ano o mês de jejum seja mais tranquilo (Murad Sezer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 09h21.

Cairo - Milhões de muçulmanos do mundo árabe comemoram nesta quinta-feira o Eid ul-Fitr, que marca o fim do mês de jejum do Ramadã e que este ano perdeu seu típico espírito de festa devido à tensão e aos conflitos políticos que sacudiram a região.

No Egito, o Ramadã, que começou uma semana depois do golpe militar que derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi, não conseguiu pôr fim aos protestos convocados a favor e contra o líder deposto.

Nem o calor nem o jejum dissuadiram milhares de seguidores de Mursi, acampados na praça de Rabea al Adauiya, no Cairo, de continuar com seu protesto e organizar manifestações maciças para pedir seu retorno ao poder.

Os opositores a Mursi, por sua vez, aproveitaram o Ramadã para convidar os cidadãos a tomar o "iftar", refeição com a qual se quebra o jejum após o pôr-do-sol, na praça Tahrir para expressar seu apoio às Forças Armadas egípcias.

Noha Awad, uma jovem médica que não conseguiu se esquecer durante o mês sagrado da divisão política no país, se queixou, em declarações à Agência Efe, que este ano não pôde desfrutar das típicas noites do Ramadã com seus amigos nos cafés por medo da violência.

Até os tradicionais programas de televisão do Ramadã, que costumavam entreter aos fiéis com seus temas românticos, sociais e cômicos, refletiram os fatos políticos vividos no Egito.

Um exemplo é a telenovela "Al Daea" (O Clérigo), que fala dos islamitas e seu domínio do poder durante o ano de mandato de Mursi.

Na Síria, no Ramadã a violência também não deu pausa, já que, segundo a oposição, mais de 1.700 pessoas foram mortas pelas tropas do regime sírio durante o mês sagrado, no qual os muçulmanos se abstêm de comer, beber e fumar desde o nascer do sol até que ele se põe.


Não só a violência aumentou, mas também os preços dos produtos básicos, o que acrescentou mais sofrimento aos sírios.

Mayed Niazi, secretária-geral de um partido opositor que participa do boicote, anunciou em sua página do Facebook que não comprará ovos, frango, iogurte e outros produtos lácteos durante uma semana enquanto os comerciantes não baixarem seus preços.

No vizinho Líbano, o Ramadã se caracterizou pela tensão e pelo vazio institucional, embora por enquanto o país tenha conseguido evitar a guerra.

Pela primeira vez em muitos anos, o mês de jejum foi marcado pela escassez de turistas e de clientes no comércio.

Localidades de verão como Jandum e Aley, onde cidadãos do Golfo Pérsico costumavam passar o Eid ul-Fitr, estão quase desérticas, assim como hotéis e outros centros turísticos na maior parte do Líbano.

No centro de Beirute, se notou o aumento das pessoas necessitadas, sobretudo entre os refugiados sírios, que fazem longas filas esperando a chegada de caminhões de comida para o "iftar" e a ajuda de associações de caridade.

No Iraque, a violência se intensificou no Ramadã, que começou no dia 10 de julho, com vários atentados, especialmente contra as forças da ordem e a comunidade xiita.

Segundo a ONU, 1.057 iraquianos morreram e 2.326 ficaram feridos em julho, números levemente superiores aos do Governo iraquiano, que falou em 989 mortos e pouco mais de 1.500 feridos esse mês.

Sem seu típico espírito tradicional, o Ramadã chegou a seu fim com o desejo dos muçulmanos de que no próximo ano tenham um mês de jejum mais tranquilo.

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