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Mubarak resiste no poder e tenta evitar fim trágico de seus antecessores

O presidente Hosni Mubarak enfrenta uma espécie de maldição política que regeu a vida de seus três antecessores

O presidente do Egito, Hosni Mubarak: ele ainda resiste (Alex Wong/Getty Images)

O presidente do Egito, Hosni Mubarak: ele ainda resiste (Alex Wong/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 19h58.

Madri - O presidente egípcio Hosni Mubarak resiste aos pedidos de renúncia da população e enfrenta uma espécie de maldição política que regeu a vida de seus três antecessores.

O rei Faruk I acabou deposto, o presidente Gamal Abdel Nasser sofreu uma dura derrota na Guerra dos Seis Dias e o presidente Anwar Al Sadat foi vítima de um magnicídio.

Todos eles tiveram Governos marcados pela guerra e pela tragédia, como se sobre eles tivesse caído a maldição da tumba do faraó Tutancâmon - quem reinou entre 1333 a.C e 1322 a.C. -, que condenava à morte quem a abrisse.

Faruk I foi deposto em um golpe de Estado em 23 de julho de 1952 pelo Movimento dos Oficiais Livres, liderado por Gamal Abdel Nasser, insatisfeito com a corrupção do governo do monarca e com a derrota árabe na primeira guerra entre árabes e israelenses (1948-49).

Morreu em 1965 em Roma. Com sua morte, teve fim o regime monárquico que dominava o Egito desde 1805.

Nasser, o líder do pan-arabismo e fundador do Egito moderno ao proclamar a República, se consagrou como um dirigente do Movimento dos Não-Alinhados na Conferência de Bandung (Indonésia), em 22 de abril de 1955, junto ao iugoslavo Josip Broz Tito e ao indiano Jawaharlal Nehru.

Em 26 de julho de 1956, Nasser anunciou a nacionalização da exploração do Canal de Suez, uma estratégica via marítima que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Até então, empresas britânicas e francesas dominavam essa via inaugurada em 1869.

A decisão de Nasser suscitou a chamada Crise de Suez, que terminou em outubro desse ano com um ataque conjunto de Israel, França e Reino Unido ao Egito.

Em fevereiro de 1958, o líder pan-arabista viu seus sonhos de unidade cumpridos, quando Egito e Síria formaram a República Árabe Unida. No entanto, esse sonho durou apenas três anos.

O grande golpe ao ideário de Nasser ocorreu em junho de 1967, quando o Exército egípcio, coordenado com o sírio e o jordaniano, sofreu uma dura derrota na Guerra dos Seis Dias.

Israel ocupou a Península do Sinai, a Faixa de Gaza (sob controle egípcio), a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (sob administração jordaniana), enquanto a Síria perdeu as Colinas de Golã.

Essa derrota levou Nasser a renunciar cinco dias após o fim da guerra, em 9 de junho, mas ele voltou atrás quando milhões de egípcios foram às ruas para pedir a ele que continuasse à frente do país.

Nasser morreu repentinamente por um ataque cardíaco em setembro de 1970.

Apesar de ser reconhecido como um dos líderes árabes mais importantes da história contemporânea, seus críticos culpam seus 18 anos de Governo de ter transformado o Egito em um dos países mais pobres do mundo.

Nasser foi sucedido por Anwar Al Sadat, quem deu uma reviravolta na política externa do país quando assinou com Israel os Acordos de Camp David em 1978 e um acordo de paz bilateral em 1979.

Chamado de "traidor", Al Sadat viu o Egito ser expulso da Liga Árabe.

Sua trágica morte ocorreu durante o desfile militar de 6 de outubro de 1981, quando membros da Jihad Islâmica Egípcia atiraram contra a tribuna presidencial, matando Al Sadat e vários seguranças.

Mubarak assumiu e permanece no poder desde então. Atualmente cumpre seu quinto mandato e um de seus desejos era seu filho mais novo, Gamal Mubarak, fosse seu sucessor, seguindo o modelo de república hereditária inaugurado pela Síria após a morte do presidente Hafez al-Assad em 2000.

Mubarak ganhou as últimas eleições presidenciais, realizadas em 2005, com 88,5% dos votos, mas nos últimos dias milhares de manifestantes passaram a pedir sua renúncia e a instauração de uma verdadeira democracia.

O exemplo da Tunísia, cujos protestos populares culminaram na queda do regime do presidente Zine El Abidine Ben Ali em 14 de janeiro, não provém de nenhuma maldição faraônica, mas do descontentamento popular.

No país a quebra do silêncio foi provocada por Mohammed Bouazizi, um jovem tunisiano de 26 anos que ateou fogo em si mesmo em 17 de dezembro de 2010, após sofrer com o desemprego e a humilhação.

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