Exame Logo

Morte de palestino em Gaza coloca em xeque cessar-fogo

O Governo do Hamas anunciou que apresentará ao Egito, fiador do acordo, uma queixa contra Israel pela morte de Anwar Abdul Hadi Qudai, de 20 anos

Militares israelenses na fronteira com a Faixa de Gaza (©AFP / Jack Guez)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 18h09.

Gaza - Um palestino morreu e outros 25 ficaram feridos nesta sexta-feira na Faixa de Gaza por disparos de soldados israelenses, em um fato que evidencia a fragilidade do cessar-fogo decretado na quarta-feira após a operação militar ''Pilar Defensivo''.

O Governo do Hamas anunciou que apresentará ao Egito, fiador do acordo, uma queixa contra Israel pela morte de Anwar Abdul Hadi Qudai, de 20 anos.

''Entraremos em contato com o mediador egípcio para discutir o incidente'', assegurou em comunicado o porta-voz do movimento islamita, Sami Abu Zuhri, que assegura que ''Israel violou o cessar-fogo''.

Zuhri acrescentou que seu movimento ''ainda não decidiu como responderá, mas espera que novas violações não voltem a acontecer.

Qudai participava esta manhã, junto com um grupo de palestinos das aldeias de Al Garara e Abasan, em uma manifestação de protesto contra Israel junto à cerca que separa ambos os territórios, na altura da cidade de Khan Yunes.

Segundo várias testemunhas de Abasan tudo começou quando ''um grupo de agricultores tentou se aproximar das fazendas perto da cerca e os soldados dispararam e feriram seis deles''.

''Depois do fato dezenas de moradores organizaram uma passeata em direção à fronteira, e um dos manifestantes que levava uma bandeira palestina correu rumo à ''zona de segurança'' e os soldados o mataram'', explicaram.

A chamada ''zona de segurança'', que em alguns trechos chega a ter 500 metros, é uma faixa delimitada há anos por Israel que impede o acesso aos palestinos de Gaza, apesar de se encontrar de seu lado da fronteira.


Escavadeiras militares alisam o terreno periodicamente e erradicam dela todo vestígio de vegetação para poder avistar qualquer agressor que se aproxime de Israel e impedir as milícias de construir túneis que atravessem a fronteira.

A Jihad Islâmica, depois do Hamas o segundo movimento em importância na Faixa de Gaza, assegurou nesta sexta-feira ao condenar o ataque que se trata de uma ''violação'' do acordo, porque o cessar-fogo inclui também a zona contígua à fronteira, segundo o xeque Nafez Azam, um de seus dirigentes.

Após uma investigação, o Exército israelense confirmou que seus soldados abriram fogo contra ''cerca de 300 manifestantes que provocaram desordens, tentaram entrar em Israel e causaram danos na cerca''.

''Os soldados (...) dispararam para o ar em sinal de advertência e quando viram que os manifestantes não se afastavam dispararam em suas pernas'', acrescentou.

Israel, que negou que se tratasse de agricultores, como se tinha informado a princípio, sustenta que um dos palestinos que participou dos protestos conseguiu inclusive ''abrir passagem através da cerca e entrar em Israel'', onde foi detido e pouco tempo depois devolvido a Gaza.

O Egito ainda não se pronunciou sobre o fato, que pode pôr em perigo o cessar-fogo que o presidente egípcio, Mohammed Mursi, conseguiu na quarta-feira entre Israel e as milícias da faixa após oito dias de hostilidades.


O acordo consta de uma primeira fase na qual as partes se comprometem a não realizar atividades de caráter ofensivo e de uma segunda ''após 24 horas'', na qual negociarão com sua mediação para aliviar o bloqueio à faixa e facilitar a liberdade de movimentos de pessoas e mercadorias.

Um negociador israelense viajou nesta sexta ao Cairo para acompanhar as negociações, informou a edição digital do jornal ''Yedioth Ahronoth''.

Enquanto se ativa a segunda fase, o número de mortos na faixa como consequência da operação militar voltou a subir nesta sexta-feira com a morte de dois feridos em um bombardeio israelense na terça-feira à noite.

Ashraf Al Qedra, porta-voz do ministério da Saúde do Hamas, informou que, por enquanto, o número de mortos chega a 166 - sem incluir os de hoje - e os feridos a cerca de 1.300.

Em Israel, onde o balanço de vítimas é de seis mortos e meia centena de feridos, a imprensa local fez estimativas do impacto que a ofensiva pode chegar a ter nas eleições do dia 22 de janeiro.

Uma pesquisa do jornal ''Maariv'' reflete que a coalizão Likud Beiteinu, aliança formada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o titular das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, mantém a ampla vantagem em intenção de votos que tinha há duas semanas.

Segundo a pesquisa realizada pelo instituto Maagar Mohot, esta aliança política obteria 37 das 120 cadeiras do Parlamento israelense (Knesset), e governaria o país à frente de um bloco de direitas de 70 deputados, frente aos 50 da centro-esquerda.

Veja também

Gaza - Um palestino morreu e outros 25 ficaram feridos nesta sexta-feira na Faixa de Gaza por disparos de soldados israelenses, em um fato que evidencia a fragilidade do cessar-fogo decretado na quarta-feira após a operação militar ''Pilar Defensivo''.

O Governo do Hamas anunciou que apresentará ao Egito, fiador do acordo, uma queixa contra Israel pela morte de Anwar Abdul Hadi Qudai, de 20 anos.

''Entraremos em contato com o mediador egípcio para discutir o incidente'', assegurou em comunicado o porta-voz do movimento islamita, Sami Abu Zuhri, que assegura que ''Israel violou o cessar-fogo''.

Zuhri acrescentou que seu movimento ''ainda não decidiu como responderá, mas espera que novas violações não voltem a acontecer.

Qudai participava esta manhã, junto com um grupo de palestinos das aldeias de Al Garara e Abasan, em uma manifestação de protesto contra Israel junto à cerca que separa ambos os territórios, na altura da cidade de Khan Yunes.

Segundo várias testemunhas de Abasan tudo começou quando ''um grupo de agricultores tentou se aproximar das fazendas perto da cerca e os soldados dispararam e feriram seis deles''.

''Depois do fato dezenas de moradores organizaram uma passeata em direção à fronteira, e um dos manifestantes que levava uma bandeira palestina correu rumo à ''zona de segurança'' e os soldados o mataram'', explicaram.

A chamada ''zona de segurança'', que em alguns trechos chega a ter 500 metros, é uma faixa delimitada há anos por Israel que impede o acesso aos palestinos de Gaza, apesar de se encontrar de seu lado da fronteira.


Escavadeiras militares alisam o terreno periodicamente e erradicam dela todo vestígio de vegetação para poder avistar qualquer agressor que se aproxime de Israel e impedir as milícias de construir túneis que atravessem a fronteira.

A Jihad Islâmica, depois do Hamas o segundo movimento em importância na Faixa de Gaza, assegurou nesta sexta-feira ao condenar o ataque que se trata de uma ''violação'' do acordo, porque o cessar-fogo inclui também a zona contígua à fronteira, segundo o xeque Nafez Azam, um de seus dirigentes.

Após uma investigação, o Exército israelense confirmou que seus soldados abriram fogo contra ''cerca de 300 manifestantes que provocaram desordens, tentaram entrar em Israel e causaram danos na cerca''.

''Os soldados (...) dispararam para o ar em sinal de advertência e quando viram que os manifestantes não se afastavam dispararam em suas pernas'', acrescentou.

Israel, que negou que se tratasse de agricultores, como se tinha informado a princípio, sustenta que um dos palestinos que participou dos protestos conseguiu inclusive ''abrir passagem através da cerca e entrar em Israel'', onde foi detido e pouco tempo depois devolvido a Gaza.

O Egito ainda não se pronunciou sobre o fato, que pode pôr em perigo o cessar-fogo que o presidente egípcio, Mohammed Mursi, conseguiu na quarta-feira entre Israel e as milícias da faixa após oito dias de hostilidades.


O acordo consta de uma primeira fase na qual as partes se comprometem a não realizar atividades de caráter ofensivo e de uma segunda ''após 24 horas'', na qual negociarão com sua mediação para aliviar o bloqueio à faixa e facilitar a liberdade de movimentos de pessoas e mercadorias.

Um negociador israelense viajou nesta sexta ao Cairo para acompanhar as negociações, informou a edição digital do jornal ''Yedioth Ahronoth''.

Enquanto se ativa a segunda fase, o número de mortos na faixa como consequência da operação militar voltou a subir nesta sexta-feira com a morte de dois feridos em um bombardeio israelense na terça-feira à noite.

Ashraf Al Qedra, porta-voz do ministério da Saúde do Hamas, informou que, por enquanto, o número de mortos chega a 166 - sem incluir os de hoje - e os feridos a cerca de 1.300.

Em Israel, onde o balanço de vítimas é de seis mortos e meia centena de feridos, a imprensa local fez estimativas do impacto que a ofensiva pode chegar a ter nas eleições do dia 22 de janeiro.

Uma pesquisa do jornal ''Maariv'' reflete que a coalizão Likud Beiteinu, aliança formada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o titular das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, mantém a ampla vantagem em intenção de votos que tinha há duas semanas.

Segundo a pesquisa realizada pelo instituto Maagar Mohot, esta aliança política obteria 37 das 120 cadeiras do Parlamento israelense (Knesset), e governaria o país à frente de um bloco de direitas de 70 deputados, frente aos 50 da centro-esquerda.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseIsraelPalestina

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame