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Morte de jovem pela polícia causa indignação em Toronto

Jovem de 18 anos foi baleado com nove tiros pela polícia quando estava sozinho no interior de um bonde

Enterro de Sammy Yatim, de 18 anos, que foi morto pela polícia de Toronto durante uma briga em um bonde da cidade de Toronto (Fred Thornhill/Reuters)

Enterro de Sammy Yatim, de 18 anos, que foi morto pela polícia de Toronto durante uma briga em um bonde da cidade de Toronto (Fred Thornhill/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2013 às 22h37.

Toronto - A morte de um jovem baleado com nove tiros da polícia quando estava sozinho no interior de um bonde de Toronto está causando indignação na principal cidade canadense, considerada uma das mais seguras da América do Norte.

A violenta morte de Sammy Yatim, de 18 anos de idade e que foi enterrado nesta quinta-feira em Toronto, aconteceu na madrugada do sábado e foi filmada por várias testemunhas.

Nas imagens é possível ver Yatim dentro de um bonde vazio que estava cercado por mais de 20 policiais. Um agente aponta sua pistola e o ameaça repetidamente com gritos para que largue uma pequena faca que tinha em sua mão.

De repente se ouvem três disparos e Yatim cai no chão dentro do bonde. Poucos segundos depois, o mesmo agente disparou mais seis vezes. Instantes depois outro agente lhe deu um choque com um taser.

As cenas filmadas foram vistas por milhares de pessoas desde que foram postadas no YouTube e provocaram a indignação da população. Nos últimos dias foram realizados protestos e passeatas para reivindicar justiça pelo que alguns qualificam como "execução policial".

Por sua parte, o defensor público da província de Ontário, André Marin, também questionou, nesta quarta-feira, a reação policial e duvidou da capacidade de Toronto controlar as suas forças policais. Esta não foi a primeira vez que agentes da polícia matam indivíduos em circunstâncias que não justificam sua reação.

Marin disse que "o último tiroteio policial de Toronto nos fez pensar sobre a necessidade do ministério orientar os serviços policiais de Ontário para diminuir a tensão em situações de conflito antes de ser usada a força de forma letal".

Marin também foi crítico com o chefe da polícia de Toronto, Bill Blair, que segundo o defensor público ignorou várias pedidos de revisar procedimentos e de colaborar em investigações.


Ontem, o jornal "Toronto Star" documentou dez ocasiões desde 1997 nas quais a polícia de Toronto matou indivíduos com transtornos mentais quando não representavam uma ameaça nem para a população nem para os agentes.

As circunstâncias da morte de Yatim não fizeram nada além de piorar a imagem da Polícia de Toronto que nos últimos anos foi acusada de perseguir minorias, especialmente jovens negros.

Além disso, durante a Cúpula do G20 realizada em Toronto em 2010, a polícia cometeu excessos, desde surras a detidos até detenções maciças de manifestantes pacíficos, passando por táticas como retirar de forma ilegal chapas policiais para evitar que os agentes fossem identificados em fotos e vídeos.

No entanto, Blair se comprometeu a cooperar, junto com seu departamento, com a unidade que está investigando as circunstâncias da morte de Yatim.

Mas a atitude de Blair e do departamento da polícia de Toronto, que nem sequer quiseram confirmar a identidade do agente responsável pelos nove disparos que mataram Yatim, faz com que muitos na cidade duvidem das palavras do chefe policial.

As autoridades policiais apenas confirmaram que o agente que disparou contra Yatim está suspenso do emprego, mas recebe seu salário enquanto é realizada a investigação do fato.

Por sua parte, a família de Yatim declarou através de um comunicado que não considera todo o corpo policial responsável pela morte do jovem.

"Queremos deixar claro que não temos nenhuma animosidade contra os milhares de policiais que trabalham para nos proteger a cada dia. Esta é uma tragédia para todos os envolvidos", disse a família da vítima.

Yatim pertencia a uma família cristã de origem síria que chegou ao Canadá há cinco anos. Nos verões, o jovem viajava para a cidade síria de Aleppo, onde mora a sua mãe, a pediatra Sahar Bahadi.

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