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Morales aposta em transformar Bolívia em potência industrial

Governo boliviano iniciou a construção de várias usinas a fim de industrializar o gás natural e se aventurar na indústria petroquímica


	Evo Morales, presidente da Bolívia: ele enxerga a possibilidade de alcançar meta econômica em função do Estado controlar os setores estratégicos da economia
 (Gaston Brito/Reuters)

Evo Morales, presidente da Bolívia: ele enxerga a possibilidade de alcançar meta econômica em função do Estado controlar os setores estratégicos da economia (Gaston Brito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2014 às 16h41.

La Paz - Após conseguir, em nove anos de governo, estabilidade e crescimento econômico inéditos, o presidente Evo Morales aposta, como principal proposta eleitoral, em um maior desenvolvimento industrial.

O primeiro passo, com investimentos estatais milionários, foi iniciar a construção de várias usinas a fim de industrializar o gás natural e se aventurar na indústria petroquímica, após o fracasso na transformação do ferro e do lítio, recursos abundantes no país.

Historicamente a Bolívia busca que sua provisão mundial de riquezas naturais tenha um valor agregado. Atualmente, Morales enxerga a possibilidade de alcançar esta meta em função de o Estado controlar os setores estratégicos da economia, graças a sua política de nacionalizações.

Durante esta campanha eleitoral, na qual o atual presidente busca o terceiro mandato consecutivo, até 2020, Morales argumentou que a Bolívia começa a passar da economia de matérias-primas para a industrial.

Esse processo está quase completo no setor de hidrocarbonetos graças aos investimentos estatais em seis projetos que, de acordo com o Ministério da Economia, exigirá um investimento de US$ 6.516 bilhões no período de 2013 a 2022.

Desde sua ascensão ao poder, em 2006, Morales reitera a cada ano a promessa de instalar grandes indústrias na Bolívia, que começou a ser cumprida neste mandato.

Duas usinas de separação de líquidos do gás natural, uma produtora de amônia e uréia, uma de propileno e polipropileno e outra de etileno e polietileno são alguns dos projetos petroquímicos que o governante pretende implantar para determinar um divisor de águas na história econômica de seu país.

Alinhada a este objetivo, atualmente a Bolívia está construindo uma grande usina de separação de líquidos do gás, na região do Grande Chaco, construída pela espanhola Técnicas Reunidas.

Essa usina custou US$ 606 milhões e é um dos maiores investimentos feitos na Bolívia, junto com a fábrica de amônia e uréia que a sul-coreana Samsung está construindo por US$ 862 milhões.

A escassez de engenheiros na Bolívia fez com que o país precisasse contratar empresas chinesas, espanholas, argentinas e coreanas, para as quais Morales prometeu mais contratos caso entreguem seus projetos antes dos prazos previstos.

Para lidar com esta deficiência, o governo lançou um programa de bolsa de estudos para graduação nas melhores universidades do mundo e anunciou a criação de uma cidade universitária, uma demanda acadêmica para que o crescimento econômico seja revertido por capital humano.

Além disso, o Estado começou a produzir lingotes de chumbo e renovou vários projetos ferroviários de exportação de energia elétrica e inclusive anunciou um iminente programa civil de energia nuclear.

O investimento para este último projeto excederá US$ 2 bilhões até 2025, com a construção de duas usinas e a possível ajuda de Rússia, Irã, França e Argentina.

Todos os projetos são financiados em grande parte com recursos provenientes da venda de gás a Brasil e Argentina, dez vezes maiores que os registrados antes de Morales assumir o poder.

Com dez milhões de habitantes, o aumento da renda petrolífera entre 2005 e 2014 - de US$ 300 milhões por ano para cerca de US$ 6 bilhões esperados para dezembro - levou a uma injeção de riqueza que também permitiu à Bolívia reduzir a pobreza extrema.

A importância do gás é tamanha na economia do país que em 2013 foi responsável por 54% (US$ 6,589 bilhões) do total das exportações (US$ 12 bilhões).

Desde 2007, as vendas de energia renderam uma receita de US$ 30,7 bilhões para o país, dos quais US$ 4,8 bi foram pagos a empresas multinacionais do setor privado.

Esse movimento provocou uma média de crescimento de 5% nos últimos anos. Para 2014, é esperado 5,5%, o segundo melhor dado previsto na América Latina, depois do Panamá (6,7%), segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal).

Em termos absolutos, a economia cresceu entre 2006 e este ano de US$ 8 bilhões a 32 bilhões, e chegará a US$ 100 bilhões em 2020, segundo dados governamentais.

Morales insiste em sua condição de esquerdista, anti-capitalista, revolucionário e progressista, embora alguns críticos vejam em suas políticas econômicas o cunho liberal que ele tanto critica.

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