Mundo

Moon Jae-in encerra domínio conservador na Coreia do Sul

O presidente provisório anunciará amanhã sua renúncia a um cargo que ocupou desde 9 de dezembro, quando Park Geun-hye foi destituída

Moon Jae-in: Moon, um ex-advogado de 64 anos defensor dos direitos civis, deverá enfrentar também a atual crise na península coreana devido ao contínuo teste de armas do regime do Norte (Seo Myeong-gon /Yonhap/Reuters)

Moon Jae-in: Moon, um ex-advogado de 64 anos defensor dos direitos civis, deverá enfrentar também a atual crise na península coreana devido ao contínuo teste de armas do regime do Norte (Seo Myeong-gon /Yonhap/Reuters)

E

EFE

Publicado em 9 de maio de 2017 às 16h08.

Seul - O liberal Moon Jae-in venceu as eleições na Coreia do Sul e será o novo presidente do país, colocando fim a um período de uma década de governos conservadores após o escândalo de corrupção conhecido como "Rasputina", que causou o impeachment de sua antecessora.

Moon assumirá o cargo praticamente de imediato, em vez de ter que esperar os dois meses de transição que são uma tradição no país, algo que acontecerá pela primeira vez desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas em 1987, já que à frente do país há um governo interino há cinco meses.

O presidente provisório, Hwang Kyo-ahn, anunciará amanhã sua renúncia a um cargo que ocupou desde 9 de dezembro, quando o Parlamento destituiu a ex-presidente conservadora Park Geun-hye, uma decisão que depois foi ratificada pelo Tribunal Constitucional em março, forçando o adiantamento de eleições.

A participação de Park, agora presa de maneira preventiva, no escândalo de corrupção condicionou por completo estas eleições, que registraram a maior participação popular em duas décadas (77,2%).

Esta foi a prova da indignação gerada por um caso que veio à tona há pouco mais de seis meses e levou milhões de sul-coreanos às ruas no ano passado para pedir a saída da então presidente.

A filha do ditador Park Chung-hee é acusada de criar uma rede de tráfico de influências com sua amiga Choi Soon-sil, conhecida como "Rasputina" pela forte relação de conselheira da ex-presidente, que supostamente ganhou milhões de dólares em propinas cobradas de grandes empresas.

Entre os envolvidos no escândalo também está o presidente de fato do grupo Samsung, Lee Jae-yong, que também foi preso de maneira preventiva.

Moon se comprometeu a criar empregos públicos, a fortalecer as pequenas e médias empresas e reduzir a enorme desigualdade em um país onde 10% dos trabalhadores têm metade do capital gerado, algo que revela a riqueza e poder dos "chaebol" (os grandes conglomerados controlados por clãs familiares).

A tarefa não será fácil, já que sua legenda, o Partido Democrático (PD), domina a Assembleia Nacional (Parlamento), mas sem maioria absoluta e deverá fazer pactos para aprovar suas propostas de reforma até 2020, data das próximas eleições legislativas.

O novo presidente também deverá decidir se concederá um indulto a Park Geun-hye caso seja condenada ou se provará seu compromisso com a luta contra a corrupção mantendo-a na prisão.

Moon, um ex-advogado de 64 anos defensor dos direitos civis, deverá enfrentar também a atual crise na península coreana devido ao contínuo teste de armas do regime de Pyongyang e a endurecida retórica do governo de Donald Trump em Washington.

Muitos acreditam que o novo presidente sul-coreano buscará um maior entendimento com Pyongyang após os dez anos de péssimas relações dos governos conservadores em Seul e que poderia ajudar a acalmar os ânimos americanos e tentar desempenhar um papel de maior peso na intermediação da atual crise.

"É improvável que haja qualquer mudança significativa de maneira imediata devido ao peso da ameaça nuclear norte-coreana", disse no entanto à Agência Efe o professor Kim Sung Chull, do Instituto de Estudos para a Paz e a Unificação da Universidade Nacional de Seul.

Acompanhe tudo sobre:Coreia do NorteCoreia do SulEleiçõesImpeachment

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua