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México vai rifar avião presidencial de US$ 95 milhões

Cada bilhete ou "cachito" custa 500 pesos (cerca de US$ 23), e até hoje quase 70% já havia sido vendido

México: dinheiro será distribuído em 100 prêmios de 20 milhões de pesos cada (US$ 950 mil) (AFP/AFP)

México: dinheiro será distribuído em 100 prêmios de 20 milhões de pesos cada (US$ 950 mil) (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 14 de setembro de 2020 às 21h48.

Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 22h12.

Os mexicanos esperam tirar a sorte grande nesta terça-feira (14) com o sorteio de US$ 95 milhões organizado pelo governo de Andrés Manuel López Obrador, em substituição ao frustrado sorteio do avião presidencial. 

O dinheiro será distribuído em 100 prêmios de 20 milhões de pesos cada (US$ 950 mil), o que representa dois terços do que se espera arrecadar com a venda de todas as rifas.

Cada bilhete ou "cachito" custa 500 pesos (cerca de US$ 23), e até hoje quase 70% já havia sido vendido, segundo a Loteria Nacional, que organiza o jogo.

"Que continuem comprando os ingressos (...). Se eu ganhar o prêmio, vou doar", prometeu nesta segunda-feira o presidente esquerdista, que optou pelo sorteio pela impossibilidade de sorteio do Boeing 787 Dreamliner de 2010.

A lei proíbe o sorteio ou doação de bens públicos.

Mas embora esse projeto tenha fracassado, López Obrador organiza o sorteio sob nome da aeronave, que chama de "faraônica" e um "insulto" diante da pobreza que existe no país.

Uma foto do avião está impressa nos "cachitos" junto com a legenda de que a arrecadação será para equipar hospitais que atendem aos "necessitados".

Depois de quase dois anos no cargo, o presidente também não conseguiu vender o Boeing, que descartou usar desde a sua campanha.

Uso político

Com a venda dos ingressos, o valor obtido até agora é suficiente para cobrir o valor dos prêmios. López Obrador antecipou que os bilhetes que ultrapassarem a cota poderiam ser direcionados a hospitais públicos, prioritários por causa da pandemia da covid-19.

Enquanto aguardam os números finais das vendas, analistas acreditam que o governo pode sair perdendo, e que a insistência do presidente em vincular o sorteio à aeronave tem fins políticos.

"Com o avião, mais uma vez López Obrador explora o uso de símbolos para ter crédito político. Para ele é importante dizer 'olhe os luxos e privilégios de antes e em vez disso sou humilde'", comenta José Antonio Crespo, historiador e analista político, à AFP.

A aeronave, equipada com suíte de casal, sala de reuniões e até esteira, custou US$ 280 milhões e agora tem preço estimado em US$ 130 milhões.

Foi adquirida durante o governo de Felipe Calderón (2006-2012) para substituir um Boeing 757 de 1985 que vinha sofrendo problemas durante sua operação.

No entanto, o único a usá-la foi o presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018).

Assim que López Obrador assumiu a presidência, em dezembro de 2018, o avião foi encaminhado a um hangar na Califórnia (EUA) para sua venda, com assessoria da ONU.

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