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México pede ao Tribunal de Haia que Equador seja suspenso da ONU

Ação pede suspensão do Equador pelo ataque à sua embaixada em Quito

Homem carrega bandeira do Equador (Getty Images)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 12 de abril de 2024 às 10h51.

Última atualização em 12 de abril de 2024 às 11h01.

O governo do México apresentou nesta quinta-feira, 11, à Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, uma ação pedindo a suspensão do Equador da ONU pelo ataque à sua embaixada em Quito, na semana passada, que causou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.

"O México exige a suspensão do Equador até que seja emitido um pedido público de desculpas, reconhecendo as violações dos princípios e normas fundamentais do direito internacional", afirmou ontem a chanceler mexicana, Alicia Bárcena.

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Além disso, o governo mexicano pediu que o Equador seja julgado e declarado "responsável pelos danos que as violações de suas obrigações internacionais causaram ao México", após a invasão da representação pela polícia equatoriana.

Invasão

O México acusa o Equador de violar a Convenção de Viena ao invadir a embaixada e atacar o corpo diplomático para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava abrigado no prédio desde dezembro e havia obtido asilo do governo mexicano. Ele foi condenado à prisão pela Justiça equatoriana em dois casos de corrupção, um deles envolvendo a Odebrecht.

O governo do presidente equatoriano, Daniel Noboa, acusa o México de ter violado antes a Convenção de Caracas, que não permite a concessão de asilo político para pessoas condenadas por crimes comuns. Muitos diplomatas e especialistas, no entanto afirmam que cabe ao país que concede o asilo determinar se o caso é ou não político.

Temor

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, argumentou que o que "se busca é não repetir um acontecimento desprezível como o sofrido pelo México". "Que não se repita em nenhum país do mundo, que o direito internacional seja garantido, que as instalações e as embaixadas não sejam violadas em nenhuma nação" disse.

López Obrador pediu ainda que outros países acompanhem voluntariamente a denúncia no Tribunal de Haia e "se unam ao governo mexicano para buscar a solidariedade internacional". "Porque este é assunto de todos, não apenas do México", segundo ele.

O pedido mexicano à CIJ é considerado ousado. Os casos apresentados ao Tribunal de Haia costumam levar anos para serem julgados, e provavelmente a sentença será emitida quando Noboa e López Obrador não estiverem mais no poder — o México tem eleições presidenciais em junho e o Equador, em 2025.

O Equador, no entanto, já enfrenta algumas consequências da decisão de invadir a embaixada mexicana. A adesão do país à Aliança do Pacífico — bloco composto por México, Peru, Chile e Colômbia — foi colocada em um limbo. Para ser aprovada, a entrada dependia da assinatura de um tratado de livre-comércio entre equatorianos e mexicanos, mas López Obrador já suspendeu as negociações.

Empresários do Equador também temem a imposição de travas comerciais às exportações do país, principalmente de produtos agrícolas, a base da economia equatoriana.

*Com agências internacionais

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