Luis Caputo: futuro ministro da economia de Milei (Erica Canepa/Divulgação)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 29 de novembro de 2023 às 11h11.
Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 12h12.
O economista Luis Caputo foi confirmado nesta quarta-feira, 29, como o futuro ministro do governo de Javier Milei, que assume o cargo em 10 de dezembro. O novo titular da pasta terá a dura tarefa de enfrentar a severa crise do país, com inflação de três dígitos e 40% da população na pobreza.
Caputo foi ministro das Finanças e presidente do Banco Central argentino durante o governo Maurício Macri. Apelidado de "Messi das Finanças" por setores da economia argentina, Caputo é um nome com bom trânsito no mercado financeiro, apesar de ter deixado o governo em baixa. O agora anunciado ministro da Economia superou o economista Federico Sturzenegger, ex-presidente do BC entre 2015 e 2018, que era apontado como um dos favoritos ao posto.
O futuro titular da economia viajou com Milei para os Estados Unidos, onde se reuniu com autoridades do governo americano e deve se encontrar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para discutir a dívida do país.
Luiz Caputo, de 58 anos, é formado em economia pela Universidade de Buenos Aires. Ele é professor de economia e finanças na pós-graduação da Universidade Católica da Argentina. Durante a infância, foi colega de escola de Mauricio Macri. Ele é primo de Nicolás Caputo, empresário do setor de construção e nome muito próximo de Macri.
Caputo já comandou o banco alemão Deutsche Bank na Argentina e a gestora de fundos Axis. Trabalhou ainda como chefe de trading no banco de investimentos JP Morgan entre 1994 e 1998. Casado e com seis filhos, ele é considerado por alguns economistas argentinos como o "Messi das finanças".
Durante o governo Macri, Caputo foi secretário de Finanças no primeiro ano. Depois da saída de Alfonso Prat-Gay do ministério da Fazenda e do desmembramento da pasta em dois, o economista assumiu como ministro das Finanças. Na época, ele tinha a difícil missão de estancar a forte desvalorização da moeda argentina, quando o dólar desvalorizava mais de 7%.
Sua principal marca durante à frente do ministério foi a resolver a situação das Lebacs, que são dívidas de curtíssimo prazo emitidas pelo BC para absorver pesos do mercado e ajudar a segurar a inflação do país. As letras também serviam como meio de financiamento do governo argentino. Hoje, o país enfrenta um parecido, mas com uma crise mais severa.
Ele participou ainda da negociação de um acordo de US$ 16 bilhões com os "holdouts", detentores de títulos da dívida argentina que não aceitaram os termos da reestruturação da dívida do país de 2002 e exigiam o pagamento integral da dívida.
O economista ainda foi responsável por coordenar a emissão de um título do Tesouro argentino com vencimento em 2117 e ficou conhecido como o “homem do título de 100 anos”. Em 2020, o governo de Alberto Fernandez trocou o título após entrar em default.
Caputo também é apontado por veículos argentinos como alguém que não antecipou o aumento da taxa de juros dos Estados Unidos em 2018, o que resultou na negociação de um empréstimo de US$ 50 bilhões com o FMI. Desde então, a crise no país piorou e Macri não conseguiu se reeleger.
Em 2018, deixou o ministério para assumir o Banco Central do país. Porém, ficou no cargo por apenas três meses. Ele alegou problemas pessoais para se afastar da função. O Banco Central argentino tinha como desafio conter a desvalorização acentuada do peso.