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Merkel e Cameron destacam o que os une, mas diferenças persistem

Suas posições continuam batendo de frente em assuntos fundamentais para a resolução da crise, como a imposição de um imposto para as transações financeiras

Eles reconheceram que discordam sobre o papel que o BCE deve ter na crise: 'obviamente, não estamos de acordo em todos os pontos', disse Cameron (Sean Gallup/Getty Images)

Eles reconheceram que discordam sobre o papel que o BCE deve ter na crise: 'obviamente, não estamos de acordo em todos os pontos', disse Cameron (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2011 às 15h04.

Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, trataram nesta sexta-feira em Berlim de destacar o que os une, mas suas posições continuam batendo de frente em assuntos fundamentais para a resolução da crise, como a imposição de um imposto para as transações financeiras.

Na entrevista coletiva que seguiu a seu encontro em Berlim, ambos os chefes de governo insistiram em seu consenso em torno da importância da disciplina fiscal e do fortalecimento da competitividade econômica da União Europeia (UE).

Só perante as perguntas dos jornalistas, e após seus sonoros silêncios, Cameron e Merkel tiveram que reconhecer que em sua reunião não aproximaram posturas sobre o papel que o Banco Central Europeu (BCE) deve ter na crise e sobre a proposta para criar um imposto europeu para as transações financeiras.

'Obviamente, não estamos de acordo em todos os pontos', assinalou o primeiro-ministro do Reino Unido.

O desacordo é frontal em torno da iniciativa franco-alemã de taxar as transações financeiras, algo que Londres rejeita plenamente - porque lastraria seu setor bancário - alegando que esse tipo de propostas devem ser instaurada em nível global para que sejam efetivas e não só no âmbito europeu.

O outro cavalo de batalha entre Alemanha e Reino Unido - e França e Espanha, entre outros - é a veemente recusa alemã em ampliar os instrumentos de atuação do BCE e, em particular, para capacitar a autoridade monetária comum para que compre bônus soberanos de países da eurozona no mercado primário.

'Todas as instituições (europeias) devem defender o euro. É necessário que isso aconteça', apontou veladamente Cameron a este respeito.

Ao contrário do Federal Reserve (Fed, banco central americano), do Banco Central do Japão (BOJ) e do Banco da Inglaterra, o BCE não pode comprar títulos novos de dívida, algo que Berlim não quer emendar porque considera que fomentaria a irresponsabilidade fiscal dos Estados e aumentaria a inflação.


Outro motivo de atrito que não falaram em seu pronunciamento foi o da proposta franco-alemã de criar um Governo econômico comum para a UE, algo que desperta os receios do conservador e eurocético Governo de Cameron.

O consenso bilateral, destacaram ambos os líderes, se assenta sobre a necessidade de impor a disciplina fiscal na eurozona e implementar as reformas econômicas necessárias para que todas as nações que compartilham o euro voltem a ser competitivas.

'Estamos firmemente decididos a fortalecer a Europa', assegurou Merkel, falando em seguida de 'competitividade', 'postos de trabalho', 'inovação' e de manter a posição econômica e comercial da UE em nível internacional.

Além disso, destacaram a importância de reforçar as instituições do bloco e de desenvolver com uma 'ação decidida', segundo Cameron, os acordos de 27 de outubro, que estipulavam o segundo resgate grego, a recapitalização bancária e o reforço do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).

'Vamos trabalhar passo a passo para recuperar a confiança', assegurou Merkel.

Neste sentido, os dois líderes defenderam que se chegue à próxima cúpula da UE e da eurozona do dia 9 de dezembro com todos os detalhes destes três pontos fechados.

Além disso, ambos os chefes de Governo destacaram que o mercado comum é essencial para suas economias e que o orçamento da UE para 2012, que está sendo debatido nestes dias em Bruxelas, deve ser submetido aos mesmos critérios de contenção e consolidação que os dos 27 países-membros.

Merkel e Cameron se mostraram contra o aumento orçamentário proposto pelo Parlamento Europeu, alegando que toda alta deve ser ligada à inflação.

Cameron chegou a Berlim procedente de Bruxelas, onde manteve encontros com os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, com a crise da dívida como cenário de fundo.

Em comunicado conjunto após sua reunião, Barroso e Cameron pediram 'uma ação decidida' para conseguir a estabilidade da zona do euro. 

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