Meio ambiente: os acontecimentos que marcaram 2011
Da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro à invasão de modelos ecológicos nos principais salões de automóveis - relembre os desastres, fatos e políticas ambientais que marcaram o Brasil e o Mundo
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h31.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h28.
Uma tragédia que mostrou a fragilidade de um país diante da fúria da natureza e que nos fez questionar a segurança e a necessidade da energia nuclear em todo o mundo. O terremoto de 9,0 graus de magnitude e, logo em seguida, o tsunami de 11 de março deixaram mais de 20 mil mortos e desaparecidos, além de cidades destroçadas. Como se não bastasse, uma crise nuclear na central de Fukushima levou à contaminação de águas, terra e ar de regiões próximas. O tremor submarino foi um dos 10 maiores que já balaram o mundo nos últimos anos. E o acidente na usina japonesa um dos maiores desastres nucleares. Estima-se que a catástrofe tenha resultado em prejuízos econômicos de US$ 210 bilhões.
O ano de 2011 também não deverá ser esquecido pelos brasileiros, principalmente por aqueles que perderam familiares, amigos ou conhecidos no deslizamento de terra ocorrido em janeiro na região serrana do Rio de Janeiro, o mais trágico que já acometeu o país. Um desastre causado mais pelo descaso e menos por fenômenos naturais, como quiseram fazer crer as autoridades locais. Previsível por razões topográficas e históricas, os deslizamentos provocados pelas chuvas intensas de verão poderiam ter impacto minimizado caso o poder público tivesse implantado um pacote de medidas de prevenção.
O Brasil talvez não tenha sentido tanto as oscilações de temperatura, mas o ano de 2011 entra para história como o décimo mais quente desde 1958, quando os cientistas começaram a registrar a temperatura da Terra. Divulgado durante a COP17, em novembro, o estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM, na sigla em inglês), órgão ligado à ONU, considerou preocupante o degelo no ártico. A partir de medições dos satélites de observação do planeta, a Agência Espacial Europeia chegou à conclusão de que a camada de gelo do Ártico diminuiu ao menor nível já registrado, desde 1970.
Se em 2010, os carros ecologicamente corretos já haviam roubado a cena nos salões automotivos, este ano, eles brilharam como estrela principal. Não faltaram novos lançamentos verdes nos principais eventos. De Detroit à Frankfurt, as maiores montadoras do mundo apresentaram suas máquinas elétricas e híbridas. Nem mesmo o segmento mais imponente resistiu. Marcas luxuosas como Rolls Royce, BMW, Cadillac e Aston Martin também fizeram questão de exibir versões "verdes" de seus modelos mais requintados.
Prenda a respiração por 30 segundos. Essa foi a duração aproximada do terremoto que abalou o centro econômico-financeiro dos EUA, Nova York, às duas horas da tarde (15h no horário de Brasília) do dia 23 de agosto, depois de ter atingido minutos antes o núcleo político do país, Washington. Sem registro de 6,0 graus de magnitude na escala ritcher não passou de um susto. Mas um baita susto, que provocou a evacuação do Pentágono e do Congresso. Em Nova York, as calçadas foram tomadas por milhares de pessoas que abandonaram os prédios e desceram às ruas em busca de informações sobre parentes e amigos.
Nunca os vulcões estiveram tão em evidência quanto em 2011. Por aqui e ali, sempre há um em atividade, sem gerar problemas. Mas este ano, eles causaram um caos nos céus e atrapalharam a viagem de muita gente. Suas espeças nuvens cinzas forçaram o fechamento do espaço aéreo em diversas partes do planeta. Na Europa, em maio, o vulcão islandês Grimsvotn afetou os voos. Na América do Sul, quem atrapalhou o tráfego aéreo foi o vulcão Puyehue, situado na cordilheira dos Andes. Adormecido por mais de 50 anos, ele entrou em forte atividade no mês de junho, cancelando centenas de voos por semanas. Apesar da aparente calmaria nos últimos meses, o vulcão Puyehue continua em erupção e ainda pode dar dor de cabeça.
Recentemente, dezenove atriz e atores da Rede Globo gravaram um vídeo de cinco minutos com críticas sobre a construção da usina de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará. Assistida por mais de três milhões de pessoas na internet, a gravação gerou polêmica e incomodou estudantes da Universidade de Campinas, que fizeram por conta própria um outro vídeo com dados e informações hidrológicas e geográficas sobre a usina e suas reais implicações. Pela primeira vez, uma discussão importante para o país ganhou as redes sociais, sendo tratada com seriedade.
De janeiro à dezembro, não houve trégua na discussão do novo Código Florestal brasileiro. Mesmo assim, para muitos, permanece a sensação de que ainda há muito a se pensar e rever no texto que altera a legislação atual. As propostas de mudança têm gerado opiniões tão inflamadas quanto divergentes entre seus defensores e críticos. Em maio, a Câmara aprovou o texto-base do novo Código, que regulamenta as áreas de proteção e preservação ambiental, impõe deveres aos produtores rurais em relação às áreas de mata das propriedades e define punições para os desmatadores. Em novembro, o projeto seguiu para o Senado, onde sofreu alterações, e retornou à Câmara para apreciação final. A votação está prevista para março.
Erro de cálculo, desencontro de informações, falta de transparência, omissão, demora para agir. Expressões como essas rechearam o noticiário sobre o acidente no Campo de Frade, operado pela petrolífera americana Chevron, nas duas últimas semanas. A maré negra na Bacia de Campos virou até caso de polícia, o que rendeu mais um adjetivo ao ocorrido, de “criminoso”. Agora, a empresa americana já tem sobre as costas uma multa de 20 bilhões de reais, exigida pelo MPF como compensação dos danos ambientais e sociais, além de outras multas menores do Ibama. O acidente da Chevron também serviu de alerta para o pré-sal. Segundo especialistas, um país que vai ser líder absoluto em produção de petróleo em alto mar tem que ter liderança tecnológica para enfrentar vazamentos.
Apesar de ter sido elogiado positivamente por muitos governos, incluindo o do Brasil, o desempenho da Cúpula de Durban ficou aquém do esperado. Depois de 16 dias de intensos debates, em vez de chegar a um novo acordo legalmente vinculante para cortes de emissões capaz de envolver todas as nações do mundo e de substituir o Protocolo de Kyoto, que expira ano que vem, a reunião fixou apenas um roteiro de médio e longo prazo para um pacto global, adiando as medidas urgentes e decisivas de combate ao aquecimento do planeta. A reunião terminou com a promessa de criar até 2015 um novo pacto, que entraria em vigor em 2020, um intervalo de tempo considerado perigoso pela ciência.
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