Hospital na Índia: em 2015, mais de 75% dos médicos indianos reportaram ter sofrido algum tipo de violência (Uriel Sinai/Getty Images)
EFE
Publicado em 3 de maio de 2017 às 07h50.
Última atualização em 3 de maio de 2017 às 10h31.
Nova Délhi - Os médicos do Instituto de Ciências Médicas de Toda a Índia (AIIMS, em inglês), um dos principais hospitais públicos do país, receberão aulas de taekwondo para que possam se defender da crescente violência de seus pacientes, informaram nesta quarta-feira fontes hospitalares.
"Os ataques de pacientes a doutores na Índia crescem dia a dia, então queremos ensinar aos médicos técnicas de defesa pessoal para que possam se defender", explicou à Agência Efe o presidente da associação de doutores residentes do AIIMS, Vijay Gurjar.
Para conseguir, a associação que dirige contratou dois professores de taekwondo que a partir de 15 de maio darão aulas de duas horas cada tarde para os médicos que queira aprender.
"Informamos a todos os nossos doutores e paramédicos e calculamos que cerca de 2 mil pessoas terão aulas, incluindo doutores residentes, estudantes e outros funcionários do hospital", disse Gurjar.
A decisão ocorre depois que há um mês e meio, os médicos do hospital AIIMS trabalharam vários dias com capacetes de moto em sinal de protesto e apoio a um grupo de cinco médicos que tinham sido atacados.
Segundo Gurjar, o aumento da violência entre os pacientes indianos é explicado pela deficiente infraestrutura dos hospitais, que frequentemente não podem oferecer camas ou tratamento aos pacientes por falta de meios.
"Nós também somos vítimas do sistema (...) Não podemos melhorar as instalações dos hospitais, isso é responsabilidade do governo (...) mas podemos aprender a nos defender de ataques injustificados", explicou Gurjar.
Por enquanto, as aulas de taekwondo só serão ministradas em Delhi, mas associações de outras cidades da Índia já mostraram interesse por apoiar a medida.
O AIIMS inclusive planeja "mandar uma carta ao Ministério de Saúde para incluir aulas de defesa pessoal na formação curricular de estudantes de medicina", explicou Gurjar.
Em 2015, mais de 75% dos médicos indianos reportaram ter sofrido algum tipo de violência, segundo um estudo da Associação Médica da Índia, o que obrigou ao governo a criar um Comitê Interministerial para tentar resolver o problema, que até agora não deu frutos.