Mantega prepara-se para o sexto ano no Ministério da Fazenda
Durante o governo Lula, o ministro ficou conhecido por manter uma contradição entre suas decisões e as políticas do Banco Central
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2010 às 21h41.
São Paulo - Segundo confirmaram fontes próximas da equipe de transição, o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, aceitou convite para permanecer no cargo durante o próximo governo. Se assumir o posto em 1º de janeiro de 2011, ele dará início ao sexto ano consecutivo à frente do ministério.
Mantega foi nomeado ministro da Fazenda em março de 2006 em substituição a Antônio Palocci, afastado após ter seu nome envolvido em escândalos que resultaram em CPIs, como a dos Bingos e a do Mensalão.
Palocci pediu para deixar o ministério quando o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa foi quebrado ilegalmente. Francenildo acusou Palocci de freqüentar uma mansão em Brasília para reuniões de lobistas que supostamente interferiam em negócios de seu interesse no governo Lula. Segundo o caseiro, Palocci também teria pedido a quebra de seu sigilo bancário para tentar incriminá-lo.
À frente do ministério, Mantega se tornou conhecido por manter uma certa contradição entre suas decisões e as tomadas pelo Banco Central. Suas medidas sempre apontaram para um caminho mais expansionista, com a manutenção de certo relaxamento fiscal e do superávit primário.
Na outra ponta, ao longo dos últimos anos, esteve um Banco Central conservador, comandado por Henrique Meirelles. Mesmo sob críticas, a autoridade monetária não hesitou em elevar as taxas de juros para manter a inflação dentro da meta. Ao que parece, esta ambigüidade foi bem vista pelo mercado, que passou a confiar na estabilidade macroeconômica conseguida pela equipe do presidente Lula.
Biografia
Nascido em Gênova, na Itália, no dia 7 de abril de 1949, Mantega acumula em seu currículo passagens por importantes cargos públicos. Foi Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão até 18 de novembro de 2004. Em seguida, foi escolhido pelo presidente Lula para a presidência do BNDES.
Sua relação com o PT é antiga. Ele foi membro da coordenação do programa econômico do PT nas eleições presidenciais de 1984, 1989 e 1998, e começou a atuar como assessor econômico de Lula em 1993. Nas eleições de 2002, Mantega foi um dos coordenadores do programa econômico do PT.
A formação acadêmica do ministro é tão extensa quanto sua experiência política. Formado em economia na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, Guido Mantega tornou-se professor de economia da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas em 1981.
Fez doutorado em Sociologia do Desenvolvimento na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, com especialização no Institute of Development Countries (IDS) da Universidade de Sussex, Inglaterra em 1977.